ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA

Estados Unidos: o declínio de uma superpotência

A História ensina que todos os impérios têm um ciclo de vida mais ou menos longo, mas sempre passageiro. Só alguns, e excepcionalmente, resistem durante séculos. Uma coisa se afigura, no entanto, certa: os impérios são sempre efémeros. Acrescente-se ainda que, ao longo do tempo, o nome de império foi ganhando um sentido pejorativo, deixando mesmo de ser motivo de orgulho para os povos que o construíram. Por essa e outras razões, esse nome foi sendo substituído por outros, tais como o de potência e, em alguns casos, pelo de superpotência.

Vem isto a propósito das crises mais ou menos visíveis por que passam alguns dos “impérios” da actualidade, e permitimo-nos salientar particularmente um deles: os Estados Unidos. Liberto do domínio inglês em 1776, este país já era, no início do século vinte, uma potência regional com provas dadas em alguns conflitos, limitados até então ao continente americano, tais como a guerra com a Espanha que levaria à conquista de Cuba. Mas é a chamada primeira Grande Guerra, em que participa já na fase final do conflito, que vai projectar o seu nome para a esfera das grandes potências mundiais de então. A partir daí, e com a sua intervenção decisiva na segunda guerra mundial, a antiga colónia britânica vai assumir o papel de uma verdadeira superpotência, militar, económica e política, um estatuto que praticamente ninguém contestava, pelo menos até há uns anos atrás.

E dizemos pelo menos até há uns anos atrás, porque não são de agora os sinais de declínio dum país que, depois da segunda guerra mundial, e durante bastantes nos, disputou com a Rússia o título de maior potência mundial. É certo que, do ponto de vista militar, ainda poderá invocar esse título, mas a componente militar já não chega para o justificar plenamente. E a verdade é que, nos últimos anos, os Estados Unidos perderam a liderança política e moral do Ocidente, até aí incontestável.

As imagens da violência que tem abalado a América são absolutamente perturbadoras e devem ter levado muita gente a perguntar como é que este país pode ter seduzido tão intensamente todos aqueles, e foram muitos, que procuram alcançar e viver o chamado sonho americano. E como se tudo isso não bastasse, a famigerada pandemia da Covid-19 invadiu o antigo “império”, fazendo nele ainda mais vítimas do que algumas das muitas guerras em que os americanos participaram desde a fundação do seu país. Uma coisa parece certa: não estamos ainda a assistir ao fim dos Estados Unidos como grande potência, mas estamos a ser testemunhas dum declínio que parece fatal.

 

Data de introdução: 2020-07-09



















editorial

NOVO CICLO E SECTOR SOCIAL SOLIDÁRIO

Pode não ser perfeito, mas nunca se encontrou nem certamente se encontrará melhor sistema do que aquele que dá a todas as cidadãs e a todos os cidadãos a oportunidade de se pronunciarem sobre o que querem para o seu próprio país e...

Não há inqueritos válidos.

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Em que estamos a falhar?
Evito fazer análise política nesta coluna, que entendo ser um espaço desenhado para a discussão de políticas públicas. Mas não há como contornar o...

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Criação de trabalho digno: um grande desafio à próxima legislatura
Enquanto escrevo este texto, está a decorrer o ato eleitoral. Como é óbvio, não sei qual o partido vencedor, nem quem assumirá o governo da nação e os...