Os crimes contra as mulheres não só aumentaram este ano, em Portugal, como estão mais violentos.
A conclusão surge expressa na edição desta segunda-feira do Diário de Notícias, um dia depois de milhares de mulheres terem marchado em Vigo, Espanha, contra a violência do género.
«As agressões são sempre preocupantes, mas notamos nos últimos tempos uma mudança na forma dos crimes: são mais violentos, mais brutais», assumiu, ao DN, a presidente da União da Mulher -Alternativa e Resposta (UMAR) ao DN, no dia em que milhares de mulheres de todo o mundo marcharam em Vigo, Espanha, contra a violência de género.
Elizabete Brasil refere-se, por exemplo, ao crescente número de mulheres que são mortas à machadada pelos seus maridos ou ex-companheiros.
«Isto é assustador», observa aquela dirigente, lembrando que este ano, até ao presente mês, foram registadas 32 mulheres vítimas mortais de crimes cometidos no âmbito da violência doméstica, de acordo com os dados apurados pela organização.
O marido ou companheiro é o principal agressor, com este tipo de crimes a representarem mais onze casos do que os verificados ao longo de todo o ano de 2007.
Igualmente preocupante é a expressão das tentativas falhadas de homicídio, que no ano passado aumentaram face a 2006, totalizando 57 casos.
Este ano, até Agosto, foram 35 as tentativas de homicídio perpetradas contra mulheres, segundo dados avançados pela UMAR.
Aqueles números levam Elizabete Brasil a observar que «se essas mulheres não chegaram a morrer foi porque tiveram sorte, mas nada garante que a próxima vez não seja fatal».
É um facto bem conhecido de quem acompanha estes casos que muitos dos casos de homicídio eles são o culminar de anos de maus-tratos físicos e psicológicos.
Por isso mesmo, a dirigente da UMAR manifesta-se desapontada com a prática do sistema judicial português, que, acusa, «continua a ser cúmplice» destes crimes.
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