A Chama da Solidariedade chegou à Praça Velha, na baixa de Coimbra, pela mão de Horácio Santiago, presidente da União das IPSS do Distrito de Coimbra (UIPSSDC), que a entregou ao padre Lino Maia, presidente da CNIS, que, por sua vez, a outorgou ao ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José Vieira da Silva. Ao membro do Governo coube a missão de acender a pira solidária que durante o resto da tarde e início de noite iluminou a 10.ª edição da Festa da Solidariedade.
“Pequenos gestos que significam muito para quem faz da solidariedade um modo de estar na vida”, comentou João Dias, diretor-executivo da CNIS, acesa que estava a pira solidária.
Antes, já muitos grupos oriundos de IPSS de variados pontos do País tinham passado pelo palco montado na Praça Velha de Coimbra, onde muita gente se concentrou para assistir às diversas atuações.
No momento mais institucional da Festa, o padre Lino Maia começou por se dirigir ao ministro Vieira da Silva, saudando-o por mais um regresso à Festa da Solidariedade. Esteve presente na primeira edição e em todas as outras que aconteceram enquanto ocupou o gabinete na Praça de Londres, assinalou.
“É uma honra e um conforto a presença do senhor ministro, que muitas vezes tem sublinhado a importância da cooperação, do seu aprofundamento e da sustentabilidade dessa cooperação”, afirmou o líder da CNIS, acrescentando: “Nós sentimo-nos muito bem cooperando e reconhecemos ao Estado responsabilidades muito significativas nesta matéria. E, acredite, contará sempre com a nossa colaboração e sobretudo com a nossa lealdade, fundamental na cooperação”.
“Estamos na sua terra”, disse o padre Lino Maia, dirigindo-se a José Manuel Pureza, salientando: “Mas a sua terra neste momento é todo o Portugal, porque como vice-presidente da Assembleia da República tem responsabilidades e méritos, mas também responsabilidades acrescidas”.
Dito isto, o presidente da CNIS acrescentou: “Sei que sabe que a realidade, diria, mais bonita, mais própria e mais específica de Portugal, que o individualiza, pelo menos, no contexto da Europa é de facto esta envolvência das populações e das comunidades na resolução dos seus problemas. Em cada aldeia, em cada terra, face aos problemas que vão encontrando, organizam-se para encontrar respostas. Não estão à espera da iniciativa do Estado Central, organizam-se para resolverem. E se neste momento temos cerca de três mil freguesias ou uniões de freguesias, temos cerca de cinco mil IPSS distribuídas pelo País no apoio a pessoas com deficiência, no apoio à infância e juventude e aos idosos, no desenvolvimento local, na proteção social, na saúde, na educação. Isto é muito bonito e bom”.
Por fim, o padre Lino Maia deixou um “desafio” ao «vice» da Assembleia da República: “Era bom que, no Parlamento, esta realidade portuguesa fosse, de facto, reconhecida, porque isto ainda nos afirmaria mais no contexto europeu. E a Europa, que parece ter esquecido a solidariedade, veria no exemplo português um valor assumido e a desenvolver por toda ela”.
De olhos no vereador da Câmara Municipal de Coimbra, Jorge Alves, o dirigente máximo da CNIS, que começou por destacar a grande dedicação do autarca e do homem ao mundo da solidariedade, deixou outro desafio, extensível às demais autarquias de Portugal: “Nós, dirigentes das IPSS, e os autarcas temos muito que nos aproxima e é importante que dêmos um passo em frente no sentido de também a cooperação entre autarquias e IPSS, que já acontece e muito bem, tenha um enquadramento estabelecido para se desenvolver ainda mais”.
Por fim, uma palavra para «dentro» do Setor Social Solidário: “Uma palavra para os dirigentes, e temos ótimos dirigentes nas instituições, e também para os dirigentes da CNIS. No entanto, a Festa da Solidariedade não foi feita para os dirigentes, mas para os utentes e trabalhadores das IPSS. O que nos move é o serviço a todos, para que cada pessoa possa ser em plenitude, todas as pessoas sejam respeitadas, haja uma maior igualdade na sociedade nacional e os direitos de todos e de cada um sejam respeitados. Vós sois a nossa razão de ser!”.
A terminar, o presidente da CNIS anunciou que a próxima edição da Festa da Solidariedade será na Madeira, em 2017, recordando a todos os presentes as ideias e os ideais que enformam o Setor Social Solidário: “A solidariedade é a nossa qualidade, o social é o nosso espaço. Sentimo-nos muito bem no social e sentimo-nos qualificados na solidariedade”.
Antes, já o presidente da UIPSSD Coimbra agradecera a todos a “honrosa presença” na Festa, “a confiança que a CNIS depositou na União de Coimbra para organizar o evento” e “a atuação de todos os grupos que abrilhantaram a festa”.
Ao ritmo do crepitar da flama na pira solidária, Horácio Santiago relevou “a envolvência, o empenho e o espírito de solidariedade de todos”, frisando: “Muito bem evidente ao longo de toda a semana no percurso da Chama da Solidariedade pelo distrito, onde, aliás, as autarquias e as instituições estiveram verdadeiramente de mãos dadas, como também é hábito”.
Depois, o líder da UIPSS conimbricense lembrou que “a festa da solidariedade tem de ser pelas pessoas, pelos valores e pelas instituições”, formulando um desejo: “Que a festa seja pela afirmação da solidariedade e pelo compromisso e empenho de cada um de nós na construção de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno”.
A CNIS NÃO PERDEU A CHAMA
Já o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José Vieira da Silva, começou por saudar a 10ª edição da Festa da Solidariedade, dizendo, com graça: “Ao fim de 10 anos, esta Festa mostra-nos que a CNIS não perdeu a chama”.
De seguida, o governante dirigiu três palavras ao Setor Social Solidário: “Reconhecimento, tranquilidade e ambição”.
“Quero deixar uma palavra de reconhecimento às IPSS. Alguns ainda pensam que as IPSS, e até a própria Economia Social, são coisas do passado, mas eu não tenho essa ideia. Mesmo em sociedades mais desenvolvidas, o Setor Social é um dos vetores de desenvolvimento”, começou por dizer, passando às outras duas ideias: “Uma segunda palavra de tranquilidade, pois é possível, sem que ninguém abdique das suas responsabilidades, construir cooperação. E uma terceira palavra de ambição, algo que já faz parte do quotidiano da vida das IPSS”.
Na despedida, Vieira da Silva não podia ser mais elogioso para as instituições sociais, afirmando: “As IPSS são parte da alma do nosso povo”.
Por seu turno, José Manuel Pureza, vice-presidente da Assembleia da República, lembrou que “a solidariedade é a força” e que “a fragilidade social deve ser a prioridade de todos” os agentes políticos, sublinhando: “A força da solidariedade será o reconhecimento dos direitos plenos de cada um e de cada uma, em especial das pessoas mais carenciadas”.
De resto, a X Festa da Solidariedade, onde a Chama da Solidariedade chegou cerca das 18h00, proveniente dos Paços do Concelho de Coimbra, proporcionou uma longa tarde de animação e espetáculo a todos os que se quiseram juntar à grande celebração solidária promovida pela CNIS.
Foram muitas as IPSS que estiveram representadas em palco por grupos de crianças, idosos e colaboradores, oriundas de diversos pontos do País, como Coimbra, Águeda, Figueira da Foz, Odemira, Gondomar e Viseu, entre outros, para além de atuações de grupos de fado de Coimbra, bandas filarmónicas e tunas académicas locais.
Uma imensa celebração da alegria e do espírito solidário a que nem os turistas estrangeiros ficaram indiferentes.
CHAMA ENVOLVEU DISTRITO
Até chegar à Praça Velha, onde decorreu a X Festa da Solidariedade, a Chama percorreu grande parte do distrito de Coimbra, visitando a quase totalidade dos concelhos que o compõem.
A passagem da tocha solidária da UDIPSS Évora, onde a Festa se realizou em 2015, para a UIPSSD Coimbra aconteceu em Condeixa-a-Nova, com Tiago Abalroado a entregar o facho a Horácio Santiago, em plena Assembleia Municipal de Condeixa. Seguiu-se uma viagem serra acima, com passagens por Miranda do Corvo, Góis e Arganil, onde a Chama iluminou a assinatura de uma parceria entre a Santa Casa da Misericórdia local e o Centro Social de Cerdeira e Moura da Serra.
A viagem prosseguiu por Oliveira do Hospital, Tábua e Penacova, onde se realizou um chá dançante com diversas IPSS do concelho.
Soure, Montemor-o-Velho e Cantanhede foram os locais de passagem da etapa seguinte, tendo sido uma constante na maioria das localidades por onde a flama passou ao longo da semana a associação das autarquias à iniciativa da CNIS.
Na derradeira jornada do périplo pelo distrito de Coimbra, a Chama da Solidariedade visitou Mira e a Figueira da Foz, onde as coincidências de agenda fizeram com que a cerimónia na Câmara Municipal tivesse já aí a presença de um membro do Governo, no caso o secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel.
Obviamente, em muitas destas localidades foram as IPSS locais que acolheram e brindaram a Chama da Solidariedade com a sua simpatia, relevando os valores que a tocha solidária propaga: Solidariedade, Proximidade, Gratuitidade, Subsidiariedade, Caridade, Lealdade e Capilaridade.
Na noite que antecedeu a grande festa na Praça Velha, o archote solidário iluminou um jantar de gala para dirigentes da CNIS, de diversas Uniões Distritais e de inúmeras IPSS do distrito de Coimbra, repasto que teve lugar no palácio de S. Marcos, freguesia de S. Silvestre.
Para o ano há mais e a Chama levará a Festa até ao arquipélago da Madeira, que ainda este verão bem necessitou da solidariedade de todos. E ainda precisa!
Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)
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