DEFICIÊNCIA

Organizações ameaçam suspender atividade dos Centros de Recursos para a Inclusão

As organizações que representam as pessoas com deficiência estão em rutura com o Ministério da Educação, que acusam de fazer "gestão merceeira" das Necessidades Educativas Especiais, e ameaçam suspender a atividade dos Centros de Recursos para a Inclusão.

Os Centros de Recursos para a Inclusão (CRI) são estruturas de apoio, geridas por instituições que trabalham com pessoas com deficiência, que prestam serviços complementares aos oferecidos pelas escolas públicas aos alunos com necessidades educativas especiais, desde terapia da fala, psicologia ou fisioterapia.

Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da Federação Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social (Fenacerci) explicou que o que está em causa é o modo de definição das necessidades de cada agrupamento escolar e a atribuição dos meios respetivos pelo Ministério da Educação e Ciência(MEC).

De acordo com Rogério Cação, os planos de ação que são desenhados pelas escolas, onde é apontado o número de alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) e, em função disso, o que cada escola precisa em termos humanos e técnicos para o novo ano escolar, não são aprovados pela tutela tal como são apresentados pelas escolas. "O argumento é a falta de verbas. Pior do que isso é que é o próprio Ministério da Educação que diz que tipo de apoios é que vão ser autorizados e quem são os alunos que o vão ter", adiantou.

Por outro lado, desconstrói o argumento da tutela de que aumentou o número de alunos apoiados, apontando que o aumento no número de alunos é feito à custa da diminuição dos apoios, que passaram a ter a duração de meia hora. "Apoios de meia hora não fazem sentido nenhum, é brincar aos apoios, é iludir o que são as necessidades", criticou, acrescentando que estes apoios não têm qualquer resultado prático do ponto de vista da intervenção terapêutica.

Rogério Cação não tem dúvidas em afirmar que os alunos ficam mal servidos, a escola fica mal servida e os técnicos que trabalham nos CRI ficam mal vistos ao estarem a "patrocinar este tipo de mistificação". "O número de alunos que se abrangeria com uma hora de apoio, se nós considerarmos só meia hora, pode duplicar, agora obviamente que com o prejuízo da qualidade da ação", explicou.

O responsável garantiu que as várias associações têm procurado discutir todas estas questões com a tutela, nomeadamente em sede de comissão de acompanhamento, uma estrutura criada pelo ME, onde se sentam, não só o próprio ministério, como as cinco organizações representativas das crianças com deficiência.

Paralelamente, o ministério encomendou um estudo para avaliar a situação dos CRI, onde, segundo o responsável, são identificados os vários problemas que as próprias organizações têm vindo a apontar. "O Ministério faz tábua rasa do estudo e continua a fazer uma gestão que é merceeira de um assunto que tem de merecer outro cuidado", acusou, criticando que a tutela mantenha critérios aleatórios para a atribuição dos apoios.

Como consequência, a Fenacerci, a Federação Portuguesa de Autismo, a Federação Portuguesa da Paralisia Cerebral, a UNICRISANO e a Humanitas, que compõem a comissão de acompanhamento, resolveram abandonar o organismo e solicitar ao secretário de Estado do ensino básico e secundário, Fernando Egídio Reis, uma reunião com caráter de urgência.

Vão também realizar um encontro de todos os CRI, na próxima quarta-feira, onde vão propor que estas estruturas suspendam a sua atividade e entreguem uma carta aos pais e professores explicando os motivos.

A agência Lusa contactou o Ministério da Educação e Ciência, mas até ao momento não foi possível obter esclarecimentos.

 

Data de introdução: 2015-09-22



















editorial

TRANSPORTE COLETIVO DE CRIANÇAS

Recentemente, o Governo aprovou e fez publicar o Decreto-Lei nº 57-B/2024, de 24 de Setembro, que prorrogou, até final do ano letivo de 2024-2025, a norma excecional constante do artº 5ºA, 1. da Lei nº 13/20006, de 17 de Abril, com a...

Não há inqueritos válidos.

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

A segurança nasce da confiança
A morte de um cidadão em consequência de tiros disparados pela polícia numa madrugada, num bairro da área metropolitana de Lisboa, convoca-nos para uma reflexão sobre...

opinião

EUGÉNIO FONSECA

A propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza
No passado dia 17 de outubro assinalou-se, mais uma vez, o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza. Teve início em 1987, quando 100 000 franceses se juntaram na...