“A Festa da Solidariedade tem vindo a ser feita, todos os anos, em distritos diferentes e este ano foi escolhido o Algarve, porque até agora tinha sido sempre a Norte e trazê-la para Sul serve também para variar um pouco”, afirma José Carreiro, presidente da União Regional das IPSS (URIPSS) do Algarve, que de seguida explica a escolha de Faro para acolher o evento: “Faro porque é a capital de distrito, e não quisemos sair da capital, para além de que também é a cidade mais central do Algarve, pois em termos de Barlavento e Sotavento fica, mais ou menos, a meio. Se puxássemos para uma das pontas talvez fosse mais difícil para a deslocação de algumas instituições”.
Aliás, a questão das distâncias é uma das preocupações do líder da URIPSS algarvia, pois não só os tempos que se vivem são complicados, como a ida à festa implica um esforço difícil de contabilizar, mesmo para aquelas instituições que, devida e atempadamente, orçaram os custos da ida ao evento CNIS.
“Estamos receosos com a questão da diária subida do preço dos combustíveis, o que vai dificultar a deslocação de muitas instituições que venham do Norte, mas também aqui do próprio Algarve e de outras regiões”, sublinha José Carreiro, que lança um apelo a todas as instituições: “Sabemos que é um custo grande, mas estamos esperançados que nas instituições se possa fazer um esforço para vir até Faro participar na grande Festa da Solidariedade”.
A este propósito, José Carreiro já enviou uma primeira “comunicação a todas as instituições alertando para a realização da Festa da Solidariedade no Algarve”, tendo já passado à segunda fase: “Estou a desenvolver contactos mais intensos com as instituições a fim de saber quais as que estão disponíveis para trazer grupos de animação. A nossa ideia é que cada instituição do Algarve possa trazer um grupo de animação, da própria instituição ou da sua zona de acção”.
Para além de todo o convívio, divertimento, troca informal de experiências e espectáculo, a Festa da Solidariedade, que dia 6 de Outubro toma conta o Jardim Manuel Bivar, em Faro, é igualmente uma oportunidade. E se a vida das instituições é feita do aproveitamento de oportunidades em prol da comunidade, em especial dos mais desfavorecidos e excluídos, a Festa é a oportunidade de se fazerem ouvir, de mostrar, uma vez mais, a força e a união que as liga e de voltar a alertar quem de direito! Alerta para
que as desigualdades não cresçam, para que quem nada tem possa ter alguma coisa e, sobretudo, possa viver com dignidade. Recordar que da mais pequena aldeia do Nordeste transmontano à vila piscatória do «mediterrânico» Algarve, o território nacional está coberto por uma rede de Instituições Particulares de Solidariedade Social que amenizam a vida dos mais carenciados. E, nos tempos que correm são cada vez mais.
“O objectivo da Festa da Solidariedade é esse e tem sido esse ao longo dos anos, ou seja, chamar a atenção do Governo e dos políticos, mas também da população em geral, para a situação da solidariedade em geral. Com a Festa a ser feita aqui no Algarve e perante a crise que o Algarve atravessa pode ser que se consiga um olhar diferente das pessoas e dos governantes para o Algarve…”, sustenta José Carreiro.
“Hoje o rendimento das famílias tem descido muito e como as mensalidades, por exemplo, na área da infância são pagas através do rendimento das famílias… Ora, decrescendo o rendimento das famílias naturalmente decresce a comparticipação. E do lado do Estado também não aumenta a comparticipação… Havia a ideia de implementar uma diferenciação, que era o Estado cobrir a diferença entre o que a família paga e o custo real da resposta, mas isso não foi avante e, por isso, temos que aguentar com o que temos”, defende, não deixando de elogiar o trabalho feito nas instituições em prol do equilíbrio financeiro: “Tem havido um valor inferior em termos de receitas, mas as IPSS têm sabido gerir este problema. É necessário cortar em algum lado, uns cortam no pessoal, outros noutras coisas, mas é preciso cortar em alguns meios e, essencialmente, não se têm feito tantos disparates como se fazia antigamente. E quando digo disparates estou a referir-me, por exemplo, ao facto de as instituições meterem mais crianças do que o número que estava coberto pelos Acordos de Cooperação”.
Para José Carreiro, o momento não se compadece com aventuras: “Como havia um desafogo financeiro, as instituições suportavam bem mais crianças do que as que os Acordos contemplavam… Neste momento isso é impossível e agora nenhuma instituição o está a fazer. As IPSS agora vão até aos números dos Acordos de Cooperação e não mais além, porque não o fazer é um suicídio autêntico. Neste momento não há folgas nenhumas”.
Ainda sobre o momento das IPSS algarvias, o presidente da URIPSS desdramatiza, encontrando no fecho de
alguns ATL a principal contrariedade na região.
“Até agora não têm existido grandes problemas em termos de fecho de instituições no Algarve. Aconteceu com alguns serviços, especialmente os ATL, mas isso aconteceu um pouco por todo o lado. Como os ATL não tiveram grande procura, houve instituições que não quiseram esperar e fecharam essa valência. Mas, agora, tem havido uma maior procura dos ATL das IPSS porque a política que estava a ser seguida pelo anterior Governo, que implicava a tal escola completa, não está a ter a capacidade de resposta pretendida. Então, está a dar-se alguma viragem nesse sentido. É certo que para as instituições que fecharam essa resposta social, agora, é muito mais complicado de a reabrirem porque já não conseguem os Acordos de Cooperação… Quanto aos que mantiveram os ATL, vamos ver se conseguem manter mais este ano, porque os sinais que temos é que poderá haver uma maior procura desta valência por parte das famílias”.
Como já é tradição, ao local da Festa chegará a Chama da Solidariedade, que sairá de Olhão, da ACASO.
“O percurso entre Olhão e Faro, que são cerca de 10 quilómetros, será feito a pé, numa espécie de mini-maratona”, revela.
Dia 6 de Outubro, todos os caminhos vão dar a Faro.
Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)
Data de introdução: 2012-09-30