Um investigador do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) revelou que os imigrantes contribuíram com cinco por cento para a riqueza produzida em Portugal entre 1998 e 2001.
"Os imigrantes são necessários para o desenvolvimento do país porque produziram cinco por cento da riqueza portuguesa", disse à Agência Lusa Eduardo Sousa Ferreira, à margem do seminário dedicado ao tema "Actividade Sectorial e Regional dos Imigrantes", que decorreu no ISEG.
O docente adiantou ainda que "Portugal necessita de mão-de-obra estrangeira, caso pretenda produzir mais". Apesar da taxa de desemprego ser elevada em Portugal, a dos imigrantes é "sempre mais baixa", porque - segundo o investigador - "os estrangeiros vem para o país fazer aquilo que os cidadãos nacionais normalmente não quer fazer".
Os imigrantes trabalham no sector secundário, nomeadamente na construção civil, hotelaria, restauração e serviços. Eduardo Sousa Ferreira apontou a existência de discriminação, uma vez que os imigrantes trabalham no sector secundário, o mais violento.
"Essa discriminação passa por fracas condições de trabalho, baixos salários e por contratos de trabalho precários", disse, acrescentando que "os imigrantes só vão superar essa discriminação quando estiverem integrados e quando souberem se defender em Portugal".
O investigador do ISEG considerou igualmente que "nunca existiu no sector secundário uma formação tão elevado como actualmente" devido aos imigrantes de leste. O professor defendeu que "Portugal deveria reconhecer a formação profissional dos imigrantes Leste para o desenvolvimento da sua economia".
"Quem é pedreiro deveria trabalhar como pedreiro. Quem é médico deveria trabalhar como médico", afirmou. No entanto, a valorização profissional dos cidadãos oriundos dos países de Leste vai provocar "tensões sociais" com os imigrantes dos países de língua oficial portuguesa (PALOP), uma vez que vivem há mais tempo em Portugal, e com os próprios portugueses, sublinhou.
"Quando os diplomas dos imigrantes de leste forem reconhecidos em Portugal, eles vão começar a concorrer com os portugueses e com os cidadãos dos PALOP, o que vai causar alguns confrontos", concluiu.
Segundo estatísticas oficiais, em 2003, havia em Portugal cerca de 500.000 imigrantes legalizados.
Data de introdução: 2005-03-11