Economistas e representantes de instituições de combate à pobreza debatem esta segunda-feira, em Lisboa, a finança ética, um modelo de desenvolvimento económico que defende a criação de bancos alternativos orientados para o financiamento de projectos de carácter social.
O debate terá lugar a partir das 10:00 na Sala 2 da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e contará com a presença do director da Associazione Finanza Ética de Itália, o país da Europa onde este modelo de instituições financeiras está mais avançado.
A finança ética surgiu na década de 1980 como alternativa às finanças convencionais, tendo como objectivo apoiar, através da iniciativa económica, projectos que promovam o desenvolvimento social e local, que sejam geradores de emprego e respeitem o equilíbrio ambiental.
"Em Itália existe a Banca Ética, uma instituição bancária semelhante às outras, mas regida por um código de conduta muito claro, que só concede crédito a empresas ou projectos que cumpram obrigações sociais, respeitem o ambiente e promovam o desenvolvimento regional", explica Jorge Wemans, da Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC), uma das promotoras do encontro.
Segundo o membro da ANDC, o debate pretende dar a conhecer a actividade da Banca Ética, para que no futuro possa ser criada uma instituição financeira semelhante em Portugal. A iniciativa é promovida no âmbito do Ano Internacional do Microcrédito, um programa que partilha as mesmas preocupações sociais da finança ética, apoiando a criação de pequenos negócios por parte da população mais carenciada.
Em Portugal, o microcrédito é posto em prática desde 1999 pela ANDC, uma instituição sem fins lucrativos destinada a ajudar pessoas que querem criar um pequeno negócio, mas não têm condições económicas para o fazer, nem preenchem os requisitos necessários para obter um empréstimo junto da banca convencional.
Através de uma parceria com o Millennium/BCP, a associação já ajudou a conceder 402 créditos, no valor total de mais de 1,7 milhões de euros, que contribuíram para a criação de 474 postos de trabalho. "A finança ética e o microcrédito defendem uma utilização do capital que seja socialmente útil e partilham um olhar crítico sobre a forma como o mundo das finanças está organizado, orientando-se mais pelo lucro do que por critérios de desenvolvimento social", concluiu Jorge Wemans.
Data de introdução: 2005-04-13