Uma em cada quatro mulheres em Portugal está desempregada ou subocupada e as que trabalham ganham, em média, menos 17,5% que os homens com quem trabalham, diz a CGTP numa análise com base em dados do INE.
De acordo com um estudo que a Intersindical fez para assinalar a Semana para a Igualdade, o desemprego e a subocupação atingem cerca de 688 mil mulheres.
"Este número corresponde a uma taxa real de desemprego e subocupação de 25,3%", diz a análise a que a agência Lusa teve acesso.
Os últimos dados do INE (Inquérito ao Emprego - 4º trimestre de 2014), referem que o número de trabalhadoras desempregadas era de 364,5 milhares em 2014, correspondendo a uma taxa de desemprego de 14,3% (13,5% entre os homens).
O desemprego aumentou 26,6 milhares face a 2011, segundo os dados oficiais.
Para chegar ao total de 688 mulheres desempregadas e subocupadas, a Inter teve em conta as mulheres que estão desencorajadas, as sub-empregadas e as inativas.
"São mais 89 milhares que em 2011 devido ao aumento do desencorajamento em 54,6 milhares e do subemprego em 12,6 milhares", refere o mesmo documento.
A mesma taxa foi de 20,8% em 2014 no caso dos homens, o que significa que o desencorajamento e a subocupação é mais grave entre as mulheres do que entre os homens.
Segundo a CGTP, há também "muitos milhares de desempregadas abrangidas por contratos emprego-inserção (CEI) e estágios promovidos pelo IEFP, que o INE conta como empregadas".
"Desde que este Governo tomou posse, em 2011, o emprego caiu 73 milhares entre as mulheres, mantendo-se a precariedade num nível muito elevado (21%, embora esta percentagem fique muito aquém da realidade por excluir a maioria do falso trabalho independente)", afirma a central sindical.
Para a Inter, "a situação é ainda mais gritante" entra as mulheres mais jovens, dado que 39% das jovens até aos 35 anos têm contratos não permanentes, percentagem que sobe para os 63% no caso das jovens trabalhadoras com menos de 25 anos.
O estudo salienta ainda que as mulheres trabalhadoras ganham, em média, menos 17,5% que os seus colegas de trabalho, apesar de terem habilitações mais elevadas.
As mulheres são também a maioria dos trabalhadores a receber o salário mínimo nacional, pois 17,5% das mulheres trabalhadoras ganham a remuneração mínima face a 9,4% dos homens.
Por ganharem menos, as mulheres acabam por ser depois as que mais recebem o complemento solidário para idosos, rendimento social de inserção, pensões de velhice e de sobrevivência.
Os jovens e as mulheres são os mais afetados pela falta de cobertura das prestações de desemprego, porque "são também as maiores vítimas da precariedade e do desemprego, que não lhes permite cumprir os períodos de garantia para acesso às prestações".
"É sintomático que 70% das mulheres desempregadas e 85% dos jovens com menos de 35 anos não tenha acesso a subsídio de desemprego ou subsídio social de desemprego", salienta central sindical.
A Semana da Igualdade decorre até domingo (Dia da Mulher) com iniciativas nos locais de trabalho e na rua, por todo o país, que contarão com a participação dos sindicatos da CGTP e das mulheres trabalhadoras dos vários setores de atividade.
Segundo Fátima Messias, dirigente da Inter que coordena a respetiva Comissão para a Igualdade, a Semana da Igualdade tem como objetivos a defesa de "emprego seguro e com direitos, aumento geral dos salários, salário igual para trabalho igual ou de igual valor e proteção social para todas as mulheres e homens desempregados".
As 35 horas de trabalho semanal, para todos/as, sem redução salarial, a reposição da universalidade do abono de família e a contratação coletiva como fonte de direitos e progresso social, são, de acordo com a sindicalista, outras das reivindicações em causa.
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