A PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados promoveu uma conferência de Imprensa para anunciar que vai alargar o âmbito de intervenção no terreno, estendendo a PAR Linha da Frente à Grécia, e elegendo a prioridade de ação ao acolhimento de crianças e suas famílias.
Relativamente a este último item, Rui Marques, coordenador da PAR, divulgou uma Carta Aberta ao Governo Português, na qual a PAR apela para que Portugal pugne e “lute pela prioridade aos mais vulneráveis”. E no entender da PAR, após a visita que fez à Grécia, o grupo mais vulnerável é o das crianças, “que devem ser as primeiras no processo de recolocação”, salvaguardando, Rui Marques, “sem excluir ninguém”.
Até ao momento, já morreram 340 crianças na travessia para a Europa e mais de 90 mil viajam sozinhas, revelou Madalena Marçal Grilo, da UNICEF Portugal.
Assim, e depois de ter constatado a situação na Grécia, a PAR solicita ao Governo Português que “estabeleça como prioridade para acolhimento em Portugal, as crianças refugiadas, acompanhadas pela sua família, sinalizando essa determinação à EASO e aos Estados-membros com quem colaborará num regime bilateral para a recolocação de refugiados” e que “promova um projeto-piloto de recolocação direta, urgente e eficaz de crianças refugiadas e as suas famílias, quer a partir da Grécia e, quando possível, também a partir da Turquia, do Líbano ou da Jordânia, cooperando om as autoridades locais, o ACNUR, a UNICEF e a EASO para a prossecução deste objetivo”.
O que pretende a PAR é que seja criada uma ponte aérea direta entre a Grécia e Portugal a fim de atenuar o sofrimento dos mais novos, recolocando-os o mais rapidamente possível, porque, como acusou Rui Marques, “o processo de recolocação em curso tem sido um fracasso e há que criar novos caminhos”.
O coordenador da Plataforma, que contou na apresentação deste proposta, para além da representante da UNICEF Portugal, com Dulce Rocha, do Instituto de Apoio à Criança, e ainda com Alexandra Vasconcelos, da Sociedade Portuguesa de Pediatria, sublinhou que “a PAR revê-se na posição do Governo Português”, que se disponibilizou para acolher 10 mil refugiados, “mas é preciso ir mais longe e isso é com os grupos mais vulneráveis”.
A este propósito, a PAR já solicitou uma audiência com António Costa a fim de lhe expor a situação e entregar a Carta Aberta.
Por outro lado, e igualmente decorrente da visita à Grécia, a Plataforma decidiu alargar a vertente da PAR Linha da Frente à Grécia, que até agora se cingia ao Líbano.
Nesse sentido, a PAR vai, a partir de segunda-feira (dia 14), ter uma representação permanente na Grécia, encabeçada por Mariana Reis Barbosa, que esteve em janeiro a fazer voluntariado na ilha de Lesbos. A equipa da PAR na Grécia terá entre quatro a cinco pessoas, enquanto por cá a Plataforma vai desenvolver esforços para angariar apoios financeiros e em bens e ainda criar uma bolsa de voluntários, mas dando prioridade ao voluntariado especializado nas áreas clínica, educação de infância e psicologia, entre outras.
Mariana Reis Barbosa referiu que o que se pretende “é ajudar a levar a solidariedade à Grécia”, pois o que se procura é reforçar os laços de solidariedade entre os países europeus, em especial com a Grécia.
Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, considera que esta ação “vem facilitar o conhecimento permanente da realidade”, sublinhando o trabalho de coordenação com a PAR, alertando: “Só unidos conseguiremos vencer esta batalha”.
P.V.O.
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