CBEI – CENTRO DE BEM-ESTAR INFANTIL, VILA FRANCA DE XIRA

Renovação das instalações é crucial ao futuro

Nasceu em 1943, pela mão do padre Vasco Moniz, sob o nome de CASI – Centro de Assistência Social Infantil e foi, até 1975, o que hoje se designa por Lar de Infância e Juventude para rapazes, que, para além de ali serem acolhidos, podiam aprender uma profissão e, assim, “fazerem-se homens”.
No entanto, com o dealbar da Democracia em Portugal, e fruto do período político que se vivia em 1975, o chamado Verão Quente, a instituição sofreu uma profunda alteração. Deixa de ser um local de acolhimento para rapazes sem retaguarda familiar, para, pela mão de um grupo de funcionárias, surgir um infantário, surgindo, então, a designação CBEI – Centro de Bem-Estar Infantil, de Vila Franca de Xira.
“A grande necessidade era a creche, ou seja, um local onde as mães pudessem deixar as crianças pequenas, porque nessa altura a mulher começa a trabalhar”, afirma Maria do Carmo Avelino, coordenadora pedagógica da instituição, que acrescenta: “Conforme as necessidades fomos alargando as respostas”.
Esta ideia é reforçada pelo presidente Gil Teixeira, que sublinha o facto de, “ao longo da história, a instituição sempre se pautou pelo apoio às famílias nesta vertente da educação, mas igualmente pela atividades que promove”.
A instituição começou por ter apenas creche, mas ao longo dos anos, e dando resposta às necessidades da comunidade, foi alargando as suas respostas, para já, sempre na área da infância. Assim, atualmente, para além dos 90 bebés que acolhe em Creche, o CBEI tem 150 crianças em Pré-escolar e 220 em ATL, contando com uma equipa de 120 funcionários.
Para além destas respostas, a instituição tinha uma Cantina Social que apoiava 47 famílias, aguardando os desenvolvimentos que esta resposta vai ter por parte do atual Governo, e serve cerca de 550 refeições/dia às escolas do concelho, fruto de um protocolo com a Câmara de Vila Franca de Xira. No total, o CBEI confeciona e serve mais de mil refeições por dia, o que leva o presidente da instituição a enfatizar um facto: “O CBEI é conhecido pela boa cozinha”.
E se o trabalho educativo e as refeições lá confecionadas são o grande cartão-de-visita da instituição, os seus responsáveis consideram que é incontornável o CBEI dar um salto qualitativo em termos de instalações, fundamental à continuidade do bom trabalho que tem desenvolvido e que lhe granjeou reconhecimento da comunidade.
Depois de ter atravessado, há cerca de 13 anos, um “período menos bom, com algumas dificuldades financeiras”, o CBEI soube superá-lo, mas deixou passar algumas oportunidades para renovar o seu edificado.
“A instituição, há 13 anos, passou por essa situação muito difícil e, desde que se tornou CBEI, perdeu a oportunidade de se modernizar em termos de instalações. No fundo, adaptou o existente, mas ao longo destes anos não aproveitou o dinheiro que havia disponível”, lamenta Gil Teixeira, lembrando, no entanto, que “houve muitas instituições que foram mais longe, mas também têm mais encargos”.
O ter deixado passar algumas oportunidades no sentido de aproveitar fundos europeus e algumas linhas de crédito para se modernizar, coloca atualmente um problema à instituição, pois “necessita de fazer obras urgentes”.
“Para além de ter deixado passar algumas oportunidades, o Município tinha interesse neste local e, já vai para meia-dúzia de anos, começámos a trabalhar no sentido de juntar objetivos. A Câmara queria construir aqui um silo-auto e um jardim e nós ficaríamos com um terreno novo para construir um edifício de raiz, numa Zona de Expansão de Vila Franca”, conta o presidente do CBEI, prosseguindo: “Esta zona não avançou devido à situação económica do País, mas também porque na altura se propôs que neste mesmo local ficassem as três coisas, o silo-auto enterrado, o CBEI por cima e o jardim na cobertura. Cabia tudo aqui e nós ganhávamos mais área, porque tornávamos tudo mais funcional. Na altura, a Câmara até nos propôs ficar com a exploração do silo-auto, o que era uma mais-valia em termos de receita. Face à situação provocada pela crise e pelas novas regras que as autarquias têm em termos de investimentos, as coisas ficaram paradas”.
Perdida mais uma oportunidade, os dirigentes do CBEI não baixam os braços e tentam de outra forma requalificar as instalações a que os anos e o muito uso não têm dado tréguas.
“Internamente estamos a trabalhar numa proposta para levar à Câmara no sentido de reformular estas instalações, face à impossibilidade atual de fazer umas novas, mantendo a vertente educativa e melhorando as condições. Assim, nos próximos 10, 20 anos não falaremos em novas obras”, afirma Gil Teixeira, que aponta uma das consequências do estado das instalações: “Não termos adaptado estas instalações já fez com que algumas famílias tenham procurado outras alternativas”.
Esta situação acaba por ter repercussões na situação financeira da instituição, se bem que não é a saída de utentes que causa os maiores constrangimentos.
“Já tivemos piores dias, já tivemos melhores dias, mas neste momento não estamos a atravessar um período financeiro muito bom, principalmente devido à revisão das mensalidades, à saída de alguns utentes que pagavam mensalidade máxima, muitos incumprimentos e muitas mensalidades mínimas”, explica Gil Teixeira.
Apesar de manter o mesmo número de utentes, a coleta das mensalidades “reduziu bastante”, sendo que “os custos com pessoal crescem todos os anos e as receitas, sobretudo das mensalidades de creche, têm decrescido muito”.
E apesar dos problemas da baixa natalidade também já se sentirem em Vila Franca de Xira, que “está bastante envelhecida e é uma cidade onde muita gente vem apenas dormir”, o CBEI “não tem falta de crianças”.
Lurdes Oliveira, secretária da Direção do CBEI, sustenta que “outras instituições até poderão ter melhores instalações, mas não há crianças em excesso, porque a questão demográfica entra aqui com grande peso”, ao que o presidente acrescenta: “O CBEI, por todo o seu passado, soube que tinha que ser algo bom e positivo e isso faz com que famílias que não vivem na cidade venham cá deixar os filhos, porque, além de ser um local de passagem, ouviram falar bem do CBEI. E, depois, temos excelentes profissionais e boas atividades”.
Apostando e acreditando na qualidade do serviço que o CBEI presta, os seus responsáveis mostram-se “preocupados com a intenção do Governo em abrir salas de creche e mais salas de pré-escolar no Ensino Público”, considerando Gil Teixeira que isso “desestabiliza e cria algumas incertezas”.
Apesar de todos estes obstáculos, a instituição ainda tem uma lista de espera para creche, “não como a de há nove anos”, quando Gil Teixeira entrou para a instituição, mas “a instituição não tem falta de crianças”.
O problema é outro e é grave, segundo o presidente: “Infelizmente, quase todos os dias temos pedidos de revisão da mensalidade, porque um dos pais ficou desempregado, entre outras razões. Neste momento, temos mais famílias a pagar menos e, infelizmente, algumas a não conseguir pagar. Em números redondos, em Março, tivemos qualquer coisa como 20 mil euros de dívida das famílias. Vamos tentando receber, mas é uma situação que, para uma estrutura pequena como a nossa, coloca grandes dificuldades”.
Tendo nas mensalidades dos utentes, na comparticipação da Segurança Social e nos protocolos com a Câmara as principais receitas, a que junta alguns donativos relacionados com algumas iniciativas que promove, como o Mercado Medieval, entre outras, o CBEI equaciona diversificar as respostas à comunidade, atenta que está à evolução demográfica do concelho que serve.
“Esta Direção tem trabalhado a fundo no sentido de encontrar outras áreas dentro da instituição para a manter viva e manter os postos de trabalho. Em Outubro fizemos um seminário da área da geriatria, que coincidiu com a alteração dos Estatutos, que estavam muito focados na área da infância, mas agora somos uma instituição dos 0 aos 100 anos”, revela Gil Teixeira, que dá nota do que está a ser burilado: “Estamos a preparar-nos para a área do Apoio Domiciliário, mas que não faça concorrência às outras instituições que já o têm. Queremos lançar esse serviço ainda este ano mas na vertente do cuidador. Estamos a tentar uma parceria com o hospital de Vila Franca, que já tem esse projeto. Ou seja, o hospital dá uma pequena formação a um familiar de um doente prestes a ter alta para que possa melhor cuidar desse doente. Nós, um pouco nesse espírito, no caso de não haver esse familiar fazemos esse papel e cuidamos do doente. Para além disto, podemos fazer outro tipo de intervenções, como a limpeza e a alimentação e até na área da animação. O nosso objetivo não é direcionarmos o serviço apenas para os idosos, pois há pessoas mais novas que necessitam de ajuda, apoio e convívio. A nossa intenção é sermos mais abrangentes”.
Neste sentido, o CBEI está a trabalhar internamente e com a Câmara no sentido de, “numa fase seguinte, vir a ter um equipamento residencial um pouco diferente do que é habitual”, um projeto que Gil Teixeira explica: “Estamos em negociações com um investidor estrangeiro nesta área, pois Portugal é atrativo para alguns idosos estrangeiros virem para cá, e temos aqui uma situação mista com os nossos idosos e os estrangeiros para gerar uma fonte de receita. No entanto, tudo passará por parcerias e estudos que demonstrem a sustentabilidade da solução, caso contrário não avançaremos”.
Com o propósito declarado de “abrir a instituição aos mais velhos”, principalmente no âmbito da alimentação e convívio com os miúdos à hora da refeição, o CBEI poderá criar uma espécie de centro de dia, mas “sem fazer concorrência às outras instituições”, daí a aposta num “serviço diferente”.
Para além disto, a instituição quer avançar com “novas vertentes na área do ensino, com mais atividades de enriquecimento cultural e educativo para os miúdos, apoio ao estudo, dança e outro tipo de atividades ao fim do dia”, bem como “lançar outras duas atividades desportivas, na senda do que já faz com a natação”.
Outras novidades poderão ser os campos de férias, em parceria com a comunidade chinesa, no sentido de estabelecer um intercâmbio com jovens chineses, e ainda algo, “já falado várias vezes no seio da instituição”, que passará por “um possível apoio a crianças com necessidades especiais”.

 

Data de introdução: 2016-07-29



















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