ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA

Estados Unidos: imagem posta em causa

Por alturas da tomada de posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, muita gente se interrogou acerca de como é que fora possível que a maioria dos eleitores norte-americanos tivesse optado por um homem que já tinha dado sinais de não ter as características que se exigem a quem vai assumir aquelas funções.

Muitas razões foram então invocadas para explicar a sua vitória, umas mais razoáveis do que outras, mas o facto é que Trump tomou posse e o mundo vai ter de aceitar as consequências de uma das regras básicas da vida política: respeitar os resultados de eleições democráticas. Vai ter de as aceitar, pelo menos até ao momento, em que o próprio presidente se coloque numa situação que a lei fundamental classifique como passível de impedimento do exercício daquele cargo, o que, na história política americana, não seria um caso virgem. Basta recordar o que aconteceu a Richard Nixon. Nos Estados Unidos, há cada vez mais quem levante essa hipótese, mas, de momento, o aproveitamento desta solução extrema parece ainda distante, senão mesmo impossível.

As decisões presidenciais referentes a questões de política interna, como as que dizem respeito à imigração e à protecção das fronteiras, podem ser discutíveis, mas são legítimas e legais, pese embora o carácter desumano de algumas delas. A grande ameaça ao presidente resulta da multiplicação de casos que em tão pouco tempo levantaram sérias dúvidas sobre o cumprimento de algumas das obrigações que se exigem a um presidente. Por exemplo, a prudência, o respeito pela verdade e o cumprimento da própria palavra.

Para muita gente, na América e fora da América, Trump já terá perdido o resto da pouca credibilidade com que chegou à Casa Branca, e nem sequer a primeira e importante digressão internacional que fez recentemente terá servido para melhorar substancialmente a imagem negativa deixada pelos primeiros dias da sua presidência. O tom com que se referiu publicamente às dívidas dos seus parceiros na NATO, mesmo que justificadas, esteve longe de relançar um verdadeiro espírito de solidariedade entre os membros desta instituição

É certo que o prestígio dos Estados Unidos no mundo não depende apenas da imagem do seu presidente, mas dificilmente poderá passar ao lado deste factor. Mesmo sabendo que, em alguns casos, essa imagem pode ser fabricada ou adulterada, pode dizer-se que o peso internacional da influência americana tem sempre alguma coisa a ver com a imagem de quem ocupa a Casa Branca. Ora, neste momento tão problemático das relações internacionais, essa imagem está longe de ser positiva e esperançosa. Trump inspira mais desconfiança do que respeito, e bem se pode dizer, nesta linha de pensamento, que a imagem daquela que é ainda a maior potência mundial está a ser posta em causa pelo seu próprio presidente…

 

 

Data de introdução: 2017-06-09



















editorial

VIVÊNCIAS DA SEXUALIDADE, AFETOS E RELAÇÕES DE INTIMIDADE (O caso das pessoas com deficiência apoiadas pelas IPSS)

Como todas as outras, a pessoa com deficiência deve poder aceder, querendo, a uma expressão e vivência da sexualidade que contribua para a sua saúde física e psicológica e para o seu sentido de realização pessoal. A CNIS...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Que as IPSS celebrem a sério o Natal
Já as avenidas e ruas das nossas cidades, vilas e aldeias se adornaram com lâmpadas de várias cores que desenham figuras alusivas à época natalícia, tornando as...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Adolf Ratzka, a poliomielite e a vida independente
Os mais novos não conhecerão, e por isso não temerão, a poliomelite, mas os da minha geração conhecem-na. Tivemos vizinhos, conhecidos e amigos que viveram toda a...