FÓRUM ENVELHECIMENTO ATIVO E ASSISTIDO

Novas tecnologias na melhoria da vida dos idosos

O constante e crescente envelhecimento da população da Europa, o continente mais envelhecido do Mundo, levou a Comissão Europeia a criar o Programa Active and Assisted Living (AAL), que traduzido livremente será Envelhecimento Ativo e Assistido, corria o ano de 2008. O grande propósito é financiar, a nível europeu, projetos que utilizem as novas tecnologias para melhorar a vida dos idosos.
No fundo, procura-se melhorar a vida de muitos dos europeus, já que, logo a seguir ao líder Japão, os países mais envelhecidos estão na Europa (Top 4 - Itália, Alemanha, Espanha e Portugal).
Para a Comissão Europeia há uma grande necessidade de envolver mais e melhor a população idosa, até porque nos tempos que correm aos 65 anos parece que a vida das pessoas acaba.
Neste sentido, e no âmbito do AAL Programme, todos os anos há um concurso de ideias, em áreas como mobilidade, prevenção das demências, prevenção de quedas e outros obstáculos que impedem o gozo pleno da vida entre os idosos, a que podem concorrer consórcios, que se querem pequenos ou médios, de universidades com empresas, mas também com instituições que cuidam de idosos, sejam hospitais ou instituições sociais solidárias ou privadas, mas também pequenas empresas emergentes nascidas no seio das academias.
Anualmente, realiza-se o AAL Forum, um dos maiores eventos europeus no âmbito do envelhecimento ativo e saudável aliado à utilização de novas tecnologias e sistemas inteligentes que, este ano, decorreu em Portugal, mais concretamente em Coimbra.
Ao longo de três dias foi apresentado o que se anda a fazer na Europa na pesquisa e na prática atuais, com ênfase na promoção da independência e vida social dos mais velhos, e ainda em vertentes que otimizem os gastos em saúde e apoio social.
Os três dias foram preenchidos de workshops e de demonstrações práticas dos produtos apresentados, que um grupo de idosos acabou por avaliar no final do Fórum.
Um dos produtos apresentados no maravilhoso Convento de S. Francisco, onde decorreu o evento, foi o robô social, do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR), da Universidade de Coimbra, concebido para ajudar os idosos em casa.
“As principais funcionalidades do robô social são estabelecer diálogo com o idoso, porque sintetiza voz, diz palavras e frases e consegue perceber o que o humano diz e, assim, estabelecer interações através do diálogo”, começa por explicar Rui Rocha, do ISR, prosseguindo: “Também tem capacidade de perceção, que permite avaliar a condição do idoso, por exemplo, se houver uma situação de risco, como uma queda, a máquina deteta e alerta os cuidadores. Tem autonomia de navegação e a cabeça tem um dispositivo, que designamos por avatar, através do qual o robô consegue expressar emoções, podendo sorrir ou expressar tristeza, por exemplo”.
Para além destas funcionalidades, o robô social tem ainda um ecrã tátil que permite ao idoso interagir e ter acesso a alguns serviços, como relógio, agenda, alarmes e internet.
“Neste projeto, denominado «Grow Me Up», financiado pela Comissão Europeia, pelo Programa H2020, a Universidade de Coimbra é a coordenadora e participam mais duas entidades de apoio a idosos. Em Portugal é a Cáritas Diocesana de Coimbra e há uma outra na Holanda. Em ambos os casos estão a decorrer experiências-piloto com idosos em casa, ou seja, a máquina fica em casa da pessoa e esse é o serviço que atualmente estamos a ensaiar. De momento há seis robôs em Portugal e outros tantos na Holanda, todos semelhantes e todos com nomes diferentes, que são atribuídos pelos idosos”.
Mas foram muitos os projetos apresentados, com as mais diferentes soluções para melhorar a vida dos mais velhos.
Da Universidade de Genebra uma solução para ajudar as pessoas a encontrar objetos, seja os óculos, a carteira ou as chaves, através de um tablet onde conseguem ver onde estão esses objetos. Ou uma aplicação que a pessoa vai ao hospital e é-lhe colocada uma pulseira que analisa os dados vitais e lhe indica se está tudo bem ou, se não estiver, que a alerta para voltar ao hospital, porque algo não está bem.
Já de Espanha, a empresa Ideable levou a Coimbra uma aplicação que mantém o idoso em casa em contato com o mundo exterior, no sentido em que a pessoa pode ser teleconsultada pelo médico e monitorizar os sinais vitais e que é uma ferramenta para contactar os familiares, para ver vídeos e fotografias e que faz estimulação cognitiva, através de alguns jogos. Ao mesmo tempo que joga, o dispositivo reúne informação para detetar algum problema a nível cognitivo.
Já o departamento português do Fraunhofer, instituto alemão de tecnologia aplicada, apresentou alguns jogos com o objetivo de prevenir as quedas e uma solução para pessoas com insuficiência cardíaca poderem comunicar com o seu médico através de uma comum aplicação para o telemóvel. Com esta solução, a pessoa pode enviar registos da sua saúde, como, por exemplo, os resultados da tensão arterial e assim ter acompanhamento do médico.
O Frauhnofer tem já alguns projetos-piloto a entrarem nas unidades de cuidados primários, ou seja, Unidades de Saúde Familiar, e um projeto de personalização de telemóvel para pessoas idosas que torna o telefone mais simples de utilizar, que já está a entrar no mercado na Holanda.
Da Suíça, a Dividat, uma spin-off de Zurique, desenvolveu um jogo que consiste numa plataforma para os pés, levando o idosos a dar passos consoante o jogo exige e que promove a estimulação simultânea da parte motora e da parte cognitiva. E essa combinação é propositada porque tem excelentes resultados na prevenção de quedas. O jogo vai de posições de Tai-chi a passos de dança, entre outros.
A edição de 2018 do AAL Forum será realizada em Espanha, na cidade de Bilbao.

 

Data de introdução: 2017-11-09



















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