Foi constituída, em Assembleia Geral, no passado dia 24 de novembro, a Solicitude (Federação dos Centros Sociais e Paroquiais e Outras Entidades Canónicas de Ação Sócio-Caritativa, Formação, Ensino e Saúde), com o alto patrocínio do Patriarcado de Lisboa.
José Petulante Parente é o primeiro presidente eleito da organização, que, como se pode ler no Artigo 6 dos estatutos, “é composta pelos Centros Sociais e Paroquias sedeados na área da Diocese de Lisboa, e por outras entidades canónicas que exerçam atividade de ação caritativa, de ensino, saúde e formação”.
No entanto, a federação na Solicitude não se cinge às instituições canónicas da Diocese de Lisboa, mas também a todas as outras, da Diocese ou não, que “se identifiquem com os valores e princípios da Igreja Católica” ou que “tenham como matriz axiológica os valores do Evangelhos consubstanciados na doutrina social da Igreja”.
Apesar de parecer uma espécie de decalque da CNIS, salvaguardando diferenças evidentes na abrangência de cada uma delas, o padre Lino Maia considera que há espaço para as duas organizações.
“Se tem por objetivo criar serviços de apoio às instituições de direção canónica do Patriarcado, pode ter vantagens, porque estas instituições precisam muito de apoio e muitas vezes aderem pouco a iniciativas coletivas. Gostam apenas de coisas direcionadas para elas”, começa por dizer o presidente da CNIS, alertando, porém: “Agora, se esta Solicitude visa colocar-se à margem de todo este movimento, tenho algum receio deste entrincheiramento e desta vontade de se por à margem. Aliás, na visão deste Papa, que é a visão da Igreja Católica, de que devemos estar em toda a parte, colaborar com todos e darmo-nos as mãos, isso é vantajoso”.
O padre Lino Maia reforça mesmo a ideia de que o aparecimento desta nova federação, “se é para ter serviços de apoio às instituições de direção canónica e não para se entrincheirar e marginalizar, pode ser bom” para o setor.
Para além de estar aberta a organizações canónicas e não canónicas, a Solicitude tem uma abrangência, não apenas diocesana (Lisboa), mas nacional. Apesar desta incongruência evidente dos estatutos, o padre Lino Maia desdramatiza: “Por vezes nos estatutos admite-se tudo para depois se ter um caminho mais definido. Se a Solicitude não visa, e espero que não, uma espécie de decalque da CNIS para fazer um percurso diferente, não haverá problema”.
Neste sentido, José Petulante Parente, em comunicado à Comunicação Social, referiu que a organização não pretende “ser oposição nem sequer ser concorrente” com organizações similares já existentes.
Aliás, como lembra o padre Lino Maia, “a CNIS é uma confederação e a Solicitude é uma federação, e nada impede que, eventualmente e se assim o entenderem, a Solicitude se filie na CNIS”.
Na Assembleia Geral fundadora, que contou com a presença do Cardeal Patriarca, D. Manuel Clemente, estiveram presentes 78 instituições das 93 que estiveram na génese do projeto, tendo a única lista concorrente sido eleita com 75 votos a favor, duas abstenções e um voto contra.
“Defesa e promoção da autonomia e liberdade de atuação das instituições, o aprofundamento da sua natureza, identidade e exercício da missão em conformidade com os valores do Evangelho”, são os propósitos da instituição, segundo o agora eleito presidente da Direção, que quer também ser “um instrumento válido de cooperação institucional” e de relacionamento com as instituições públicas.
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