Ora cá está uma mensagem bíblica capaz de inspirar mudanças significativas nos estilos de projetos de vida de pessoas, famílias e da própria comunidade nacional.
O tempo é um dom demasiado importante para se desperdiçar!
Todos sabemos, por experiência própria, que na mesma unidade de tempo, (1 minuto, por exemplo) se pode salvar ou perder uma vida, construir ou destruir uma amizade, desistir ou persistir!
O que está mesmo escrito na Bíblia? Aqui ficam apenas algumas passagens:
“ Há um tempo para plantar e um tempo para arrancar”.
“ Há um tempo para chorar e um tempo para rir”.
“ Há um tempo para procurar e um tempo para dar como perdido” .
“ Há um tempo para ficar calado e um tempo para falar”.
Enquanto país, enquanto cidadãos comprometidos com os destinos de Portugal, se nos fosse perguntado qual seria o tempo que escolheríamos para melhor caraterizar as circunstâncias com que o país está confrontado, que resposta daríamos?
Perante tantos atropelos ao bem comum e ao exercício da “autoridade” por parte do Estado, poderemos continuar a ficar calados?
As Instituições Particulares de Solidariedade Social prestarão um bom serviço ao País se, para além da gestão dos milhares de equipamentos sociais que garantem às populações mais desprotegidas um elementar acesso aos seus direitos sociais e de cidadania, assumirem também a responsabilidade de não ficarem caladas em face da persistência de gritantes injustiças e desigualdades sociais e da incapacidade do Estado em assegurar aos cidadãos serviços públicos de qualidade.
A degradação dos transportes públicos, mormente, dos comboios que transportam diariamente milhares de cidadãos e a inexistência de uma política de habitação que, por um lado, compromete o acesso a direitos essenciais por parte de imensa gente, de modo especial, de casais jovens que desejam constituir família, e, por outro, ameaçam expulsar de suas casas milhares de pessoas pobres, sobretudo idosos…poderão servir de rastilho a um movimento de contestação à manifesta e continuada falta de investimento em áreas de indiscutível interesse público.
Se o Governo persistir em deixar-se enredar na defesa de direitos corporativos de algumas classes mais reivindicativas em desfavor do interesse comum, poderá agradar a clientelas políticas (dando votos em eleições), mas incorrerá no risco de perder o apoio popular.
Sabemos que o Primeiro Ministro é um político hábil, com uma forte consciência social e que, por isso, saberá, em tempo útil, prevenir contestações populares às políticas do Governo. Para bem de todos, será bom que os governantes entendam que é tempo de mudar!
Ser solidário é valorizar a importância do “anúncio” e compromisso, da responsabilidade profética da nossa missão solidária, mas também sinalizar o dever ético da “denúncia” sempre que nos cruzarmos com incumprimentos graves e continuados de garantias contempladas na Constituição da República!
Permito-me concluir esta mensagem com um poema de Fernando Pessoa:
“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,
que já têm a forma do nosso corpo…
e esquecer os nossos caminhos
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É tempo de travessia…
E se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado para sempre
à margem de nós mesmos. “
Pe. José Maia
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