Nos últimos tempos, e a propósito de tantas desgraças que se têm abatido sobre o interior, não se fala de outra coisa! E bem.
A circunstância de nos estarmos a aproximar do NATAL (que evoca uma família e um Menino a quem os homens negaram uma Casa para esse Menino nascer, obrigando Maria e José a buscar num presépio de animais a hospitalidade que os homens lhes negaram), inspirou-me esta crónica que, com gosto, partilho com os leitores do SOLIDARIEDADE!
Achei oportuno e “sintomático” que as palavras política, sociologia, psicologia, religião e até solidariedade, tenham sido ultrapassadas pela “geografia” e, mais precisamente, pela “geografia dos esquecidos”!
E isto porquê?
Por causa da mãe Natureza que, descontente com tantos maus tratos feitos pelo Homem, entendeu lançar um grito de alerta a cada um de nós, através de incêndios que mataram muita gente, de rajadas de vento que, em segundos, mostraram que a inteligência e a tecnologia humanas ficam em pânico, sem nada poderem fazer para se defenderem, de cheias que alagam cidades sem respeitarem os “sinais de trânsito”, de estradas que engolem carros e pessoas sem qualquer aviso prévio (como aconteceu em Borba)!
A comunicação social tem prestado um relevante serviço público ao alertar para outras muitas situações de abandono e maus tratos que, um pouco por todo o país, são infligidos à mãe Natureza!
O programa PRÓS E CONTRAS da RTP entendeu, e bem, trazer a debate um tema com a participação de geógrafos e engenheiros, que teve o mérito de nos fazer entender melhor que há uma “geografia dos territórios esquecidos”, denunciando o abandono que “terras e gentes do interior” têm recebido por parte do Estado!
Mas a “geografia dos esquecidos”, para além dos territórios abandonados, poderá (e deverá) ser alargada a uma “imensidão de cidadãos”, sobretudo idosos em situação de abandono, solidão, pobreza e doença, de famílias sem uma casa decente para viver e educar os filhos, de crianças a quem são negados elementares direitos essenciais prometidos pela Constituição da República!
Senhores governantes: sem querermos que deixem de investir nas “causas da modernidade”, pedimos-lhes: “lembrem- da gente concreta”, com direitos de cidadania, mas sem lhes ter acesso, vendo-lhe negado o direito à igualdade de oportunidades! Não se esqueçam que foi para isso que foram eleitos!
Será legítimo esperar das Instituições Particulares de Solidariedade que estejam na linha da frente da denúncia de políticas governamentais que, por contágio ideológico de alguns dos seus apoiantes, não descansarão enquanto não retirarem do seu caminho “estatizante” todas as pessoas e Instituições que não se subjuguem à lógica do “poder estatal”. Os políticos são eleitos pelo povo para governarem o país na sua diversidade e pluralidade, não lhes reconhecendo legitimidade para imporem ideologias!
Que as IPSS e quem as representa, invocando o princípio da subsidiariedade, os direitos conferidos pela Constituição da República, e o Pacto de Cooperação mutuamente aceite pelo Estado pelas Instituições, digam NÃO à ESTATIZAÇÃO!
Pe. José Maia
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