Unidade e Corresponsabilidade

Um mensário, auto-qualificado de Economia Social e Acção Solidária, após alguns meses de estranho silêncio, entendeu dever arremeter mais uma vez contra a CNIS, tecendo, num tom alarmista e pretensamente preocupado, uma série de considerações que a dão como palco privilegiado de tramóias e jogos de poder estranhos aos interesses do conjunto de IPSS que a Confederação representa. 

Não nos espanta tal atitude, já que, como é sabido, o respectivo director havia prometido guerra aberta a quem teve de actuar face ao crescendo de críticas e de conflitos que cada edição do nosso "Solidariedade" então suscitava. 

Procurei, no que diz respeito à solução deste problema, agir com total respeito pelas pessoas envolvidas. Sabia, no entanto, como sei hoje, que ciclicamente a vida da CNIS seria objecto de todo o tipo de manobras especulativas que, no final, permitissem demonstrar o erro crasso que foi a alteração de estratégia de produção do "Solidariedade".
E elas aí estão mais uma vez… 

Agora são os Bispos que estão perplexos e preocupados com uma alegada crise da CNIS, o que poderia levar à criação de uma união vertical das instituições da igreja, urgindo por via disso "procurar um presidente"; "antecipar o Congresso"; "promover eleições" e "defender as IPSS".
Pese embora o tom comicieiro e eleitoralista do texto publicado, que não enganará ninguém de boa fé, creio ser importante dizer que, individual ou colectivamente, os Senhores Bispos não manifestaram ao presidente da CNIS, por qualquer forma, alarme perante uma propagandeada crise interna. 

Bem pelo contrário, tenho sido alvo de manifestações da maior confiança e solidariedade pessoal e institucional que, aliás, muito me desvanecem pois que contribuem de forma significativa para dar pleno sentido ao esforço e dedicação constantes exigidos pelo cargo para que fui eleito.
Importante é ainda dizer-vos que não será sob a minha presidência que a CNIS verá os seus assuntos internos ser discutidos na praça pública. E isto pela simples mas soberana razão de que tudo quanto possa contribuir para diminuir a credibilidade da Confederação atinge a respectiva capacidade de intervenção e a própria força negocial, em particular, perante o Estado.

E nunca como hoje as instituições particulares de solidariedade social precisam de uma organização que garanta a defesa dos seus interesses, nomeadamente, perante quem considera esgotado o seu modelo de intervenção. 

Ao invés, continuamos a apostar na exigência do reconhecimento público do papel das IPSS no desenvolvimento sustentado do país e na necessidade de actualização e revitalização do Pacto de Cooperação para a Solidariedade Social. Na valorização do trabalho voluntário e no aprofundamento de uma politica de cooperação com o Estado que, no respeito pela identidade e autonomia institucionais, garanta a introdução de factores de qualidade e segurança no funcionamento e na gestão da rede solidária de equipamentos e serviços.

Neste sentido trabalhamos arduamente para a celebração quer do Protocolo com a Segurança Social para o ano de 2005, recentemente publicado no Diário da República, quer de um novo CCT que, dentro dos limites da generalizada sustentabilidade por parte das instituições, vem estabelecer condições de trabalho que correspondem às mais profundas preocupações de justiça e de equidade para com todos os seus trabalhadores. 

Preparámos ainda para negociação, um novo Protocolo de Cooperação para a área da Educação Pré-Escolar e para a qualificação dos Centros de Actividades de Tempos Livres.
E tudo isto sem esquecer a questão do financiamento directo às famílias, a reavaliação dos custos operacionais e o regime das comparticipações familiares para acesso aos nossos equipamentos, bem como a discussão das alterações a introduzir ao nível do regime da diferenciação positiva e dos cuidados continuados de saúde.

Perante todo este complexo universo de problemas é exigível de todos grande unidade na acção e uma força única a rodar no mesmo sentido. As IPSS e, sobretudo, aqueles que são a sua verdadeira razão de ser não nos perdoariam que desviássemos a atenção para situações de incomodidade pessoal que terão um momento e um local próprios para serem objectivamente analisadas e julgadas. 

* Presidente da CNIS

 

Data de introdução: 2005-10-16



















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