O contágio de covid-19 nos lares de idosos tem sido uma das "recorrentes preocupações" das reuniões da Estrutura de Monitorização do Estado de Emergência, que aponta a "escassez de recursos humanos" nestas unidades, segundo um relatório do Governo.
"A EMEE [Estrutura de Monitorização do Estado de Emergência] continuou a prestar particular atenção à problemática da disseminação do contágio nos estabelecimentos residenciais para idosos (ERPI). Esta revelou-se, aliás, uma das mais recorrentes preocupações manifestadas nas reuniões da EMEE, em grande medida devido ao impacto diferido da disseminação da doença em ambiente de lares de idosos", refere o relatório sobre o segundo período do estado de emergência, entre 03 e 17 abril.
O documento, entregue pelo Governo à Assembleia da República, realça que nas reuniões da EMEE foi igualmente "dada nota da situação da escassez de recursos humanos para prestar apoio aos utentes de ERPI".
"Para além dos problemas estruturais prévios, o facto de um significativo número de funcionários dessas instituições estarem, eles próprios, infetados ou doentes, dificulta a prestação do apoio pessoal e social aos idosos", precisa o relatório, assinado pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que preside à Estrutura de Monitorização do Estado de Emergência.
Como exemplo, refere que na reunião da EMEE de 17 de abril foi reportado que 993 profissionais de lares de idoso estavam infetados e 2488 em isolamento, dos quais 735 eram casos suspeitos de infeção, estando registado um óbito neste grupo profissional.
O relatório destaca que a resolução "do problema da escassez de funcionários foi mitigada" através do recurso ao voluntariado, a instituições do setor social e aos municípios, bem como à mobilidade de trabalhadores da administração central e da administração local.
O documento acrescenta também que as preocupações manifestadas em relação aos lares de idosos são extensíveis a outros equipamentos sociais de apoio a grupos vulneráveis, nomeadamente pessoas portadoras de deficiência ou incapacidade.
"Outros grupos especialmente vulneráveis foram alvo da especial atenção da EMEE, nomeadamente as comunidades ciganas e migrantes, tendo sido reportado o acompanhamento próximo da situação de tais comunidades pela área governativa da integração e das migrações", indica o relatório.
O documento dá ainda conta do programa que está a ser realizados nos lares de idosos e que pretende testar os funcionários das instituições, assim como os utentes que tenham sintomas de covid-19.
Segundo o relatório, já foram realizados 5.096 testes, em 73 instituições, sendo objetivo conseguir chegar aos 70 mil testes, durante o próximo mês e, progressivamente, testar todas as instituições do continente, onde não haja foco de infeção e que desenvolvem estas respostas sociais.
Presidida por Eduardo Cabrita, a Estrutura de Monitorização do Estado de Emergência integra representantes das forças e serviços de segurança e os secretários de Estado das áreas governativas da Economia, dos Negócios Estrangeiros, da Presidência do Conselho de Ministros, da Defesa Nacional, da Administração Pública, da Saúde, do Ambiente, das Infraestruturas e Habitação e da Agricultura.
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