ASSOCIAÇÃO DO PORTO DE PARALISIA CEREBRAL

Entre o saudável e o paladar a culinária tem sido (du)elo dinamizador

A Covid-19 originou, na Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC), um interessante “duelo” de estratégias e soluções em relação às questões alimentares.
Elisabete Cunha, moradora na “Villa Urbana” de Valbom, unidade de Gondomar da APPC, aproveitou os tempos de confinamento e isolamento social para dinamizar algo há muito planeado... Criar vídeos e partilhar receitas daquela que é uma das suas paixões: a culinária.
No Centro de Reabilitação do Porto, também da APPC, Maria Antónia Campos, responsável pelo Gabinete de Nutrição, decidiu responder a algumas preocupações e anseios dos colaboradores da instituição e, assim, faz regulamente vídeos sobre alimentação saudável e partilha manuais e receitas saudáveis (para pessoas com e sem paralisia cerebral).
De forma casual gerou-se, assim, um “diálogo” interno na APPC: Elisabete Cunha a apostar no paladar e Maria Antónia Campos a defender o saudável.
Numa altura em que a Covid-19 a todos impôs limitações e cuidados, o Gabinete de Nutrição da APPC tem apresentado sugestões, propostas e indicações sobre as questões alimentares. Em ações de formação online, por correio eletrónico e via redes sociais, Maria Antónia Campos (com a colaboração das estagiárias Joana Cunha e Rita Campos) tem divulgado sugestões simples e saudáveis.
Igualmente preocupada com as questões da alimentação, Elisabete Cunha começou praticamente ao mesmo tempo a dar a conhecer os seus cozinhados. A “Tia Elisabete” (nome “profissional” escolhido para os seus vídeos) também demonstra que a culinária pode ser simples, mesmo para alguém com paralisia cerebral e evidentes limitações a nível de expressão verbal e motora.
“Posso ter paralisia cerebral, mas mesmo assim tenho paladar, gosto de comer coisas boas e encaro a culinária como uma paixão. Que devo partilhar!”, acrescenta a moradora da “Villa Urbana”. Semanalmente faz a divulgação de um vídeo com um prato à sua escolha. É que, para além das imagens do como fazer, Elisabete Cunha conta com a ajuda de colaboradoras da APPC na edição e legendagem (Natália Moreira e Raquel Pinto) e na tradução em Língua Gestual Portuguesa (feita por Ana Magalhães, também colaboradora na instituição).
Maria Antónia Campos encara com um sorriso a coincidência da APPC dar a conhecer duas posturas: “Acho que se pode chegar a um equilíbrio salutar entre o saboroso e o saudável”.
“Cozinhar inspira-me e desafia-me. Acho que consigo fazer os outros felizes. Além de que ao cozinhar lembro-me da família, da minha infância e da minha mãe. Pois foi com ela que tudo começou...”, frisa Elisabete Cunha sobre “esta aventura culinária que demonstra que todos conseguimos ultrapassar barreiras”.
Em resposta, a nutricionista da APPC, apela também à “inspiração”. “Qualquer pessoa deve sempre preocupar-se em ter uma alimentação saudável. No caso de pessoas com paralisia cerebral, evidentemente adaptada às suas necessidades específicas”, tentando equilibrar os normais desejos alimentares ponderando as suas eventuais implicações.

 

Data de introdução: 2020-07-09



















editorial

NOVO CICLO E SECTOR SOCIAL SOLIDÁRIO

Pode não ser perfeito, mas nunca se encontrou nem certamente se encontrará melhor sistema do que aquele que dá a todas as cidadãs e a todos os cidadãos a oportunidade de se pronunciarem sobre o que querem para o seu próprio país e...

Não há inqueritos válidos.

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Em que estamos a falhar?
Evito fazer análise política nesta coluna, que entendo ser um espaço desenhado para a discussão de políticas públicas. Mas não há como contornar o...

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Criação de trabalho digno: um grande desafio à próxima legislatura
Enquanto escrevo este texto, está a decorrer o ato eleitoral. Como é óbvio, não sei qual o partido vencedor, nem quem assumirá o governo da nação e os...