PLANO DE RECUPERAÇÃO E RESILIÊNCIA

Sector social quer isenção de IVA e apoios para frota e produção própria de energia renovável

O setor social quer isenção de IVA nas verbas atribuídas no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a possibilidade de converter a frota do apoio domiciliário em veículos elétricos e apoios para produção própria de energia renovável.

As propostas constam de um documento de 40 páginas elaborado pelo setor social -- União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Confederação das Instituições de Solidariedade Social (CNIS), Confederação Cooperativa Portuguesa (Confecoop) e União das Mutualidades Portuguesas (MP) -- remetido na segunda-feira ao Governo com contributos para o PRR no âmbito da discussão pública deste programa, que terminou esta semana.

Nas várias propostas de projetos que o setor social pretende candidatar ao PRR e que constam do documento remetido ao executivo encontram-se ainda a isenção do pagamento de IVA nas verbas atribuídas para realização de obras e aquisição de serviços, uma medida que já vigorou no passado e que Manuel Lemos, presidente da UMP, entende que "não faz sentido" que não volte a ser a regra, uma vez que se traduziria na devolução de dinheiro ao Estado.

"Ou é um programa de recuperação e resiliência ou não é", disse.

Retirar amianto de equipamentos antigos e requalificar "lares dos anos 80 do século XX", construídos a pensar num perfil de idoso diferente do que existe hoje constam das propostas ao PRR do setor social, lembrando Manuel Lemos que a construção de novos equipamentos vai também permitir dar resposta à proliferação de lares ilegais, em zonas onde o setor social ainda não chega.

As instituições sociais querem ainda, no campo de transição energética e climática, converter a frota do apoio domiciliário "que faz milhões de quilómetros por dia" em veículos elétricos e aproveitar os milhares de metros quadrados em telhados, para além do espaço nas propriedades que detém, para instalar equipamentos que permitam produção própria de energia renovável.

"A nossa sustentabilidade é todos os dias posta em causa com o custo da energia", disse o presidente da UMP.

Apoios para a área da saúde, reforçando a contratação de profissionais como psicólogos e nutricionistas para os lares, maior acesso e articulação com a rede de centros de saúde e a possibilidade de os hospitais do setor social se candidatarem a financiamento para "recuperar os milhares de cirurgias e consultas adiadas devido a pandemia", maior digitalização e mais telemedicina, uma carrinha móvel para prestação de cuidados de saúde ao domicílio e promoção de turismo sénior associado a cuidados de saúde são outras propostas.

Na habitação, o setor social quer verbas para reconversão de habitações para reforçar o apoio domiciliário e adiar a institucionalização e propõe que os imóveis que detém possam ser "aproveitados para integrar as estratégias de habitação tanto no parque público de habitação a custos acessíveis, como no alojamento estudantil a custos acessíveis".

Um processo de digitalização das instituições e contratação e qualificação de quadros também constam dos projetos que as instituições do setor social pretendem ver financiadas pelo PRR.

Nas notas introdutórias do documento, o setor sinaliza ainda a recusa de um caminho de municipalização das respostas sociais, ao propor-se no PRR a criação de uma equipa multidisciplinar por município que promova e integre todas as respostas sociais no terreno.

As instituições leem a proposta como uma "invasão do espaço próprio e autónomo das instituições solidárias e das respostas sociais por si desenvolvidas, numa municipalização da proteção social que ultrapassa a transferência de competências legalmente prevista para os municípios -- que se encontra em curso -- e que não possui qualquer cobertura legal nem qualquer virtualidade prática ou desígnio de qualificação da resposta.

"As instituições rejeitam a municipalização das suas respostas e serviços, se for disso que se trata: o seu mundo e o da solidariedade direta, de pessoa para pessoa", concluem.

O Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal, para aceder às verbas comunitárias pós-crise da covid-19, prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, clima e digitalização, num total de 13,9 mil milhões de euros em subvenções e esteve em discussão pública até à passada segunda-feira.

 

Data de introdução: 2021-03-05



















editorial

O COMPROMISSO DE COOPERAÇÃO: SAÚDE

De acordo com o previsto no Compromisso de Cooperação para o Setor Social e Solidário, o Ministério da Saúde “garante que os profissionais de saúde dos agrupamentos de centros de saúde asseguram a...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Imigração e desenvolvimento
As migrações não são um fenómeno novo na história global, assim como na do nosso país, desde os seus primórdios. Nem sequer se trata de uma realidade...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Portugal está sem Estratégia para a Integração da Comunidade Cigana
No mês de junho Portugal foi visitado por uma delegação da Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância do Conselho da Europa, que se debruçou, sobre a...