Na Região Autónoma da Madeira “o combate à pandemia foi uma resposta comprometida, solidária, adequada, atenta e assertiva, em prol sempre do melhor para os utentes e famílias”, sublinha Maria do Céu Carreira, presidente em exercício da União das IPSS da Madeira, que destaca ainda os “impactos nefastos” da Covid-19 nas instituições madeirenses, mas também o facto de as IPSS terem sido “capazes de ir encontrando as respostas necessárias, num quotidiano difícil, farto de perplexidades e repleto de inquietações”.
Por e-mail, a líder da UIPSS Madeira respondeu às questões do SOLIDARIEDADE, lembrando que ainda há muitas respostas sociais que estão encerradas no arquipélago.
SOLIDARIEDADE - Que balanço é possível fazer de um ano de pandemia nas IPSS do Arquipélago?
MARIA DO CÉU CARREIRA - Em termos globais, o balanço de mais de um ano de pandemia, nas IPSS da Região Autónoma da Madeira, pode ser encarado de duas maneiras: uma negativa e outra positiva. Negativa, porque a pandemia e os seus impactos nefastos a vários níveis – saúde, económico, social, emocional, entre outros – deixaram um rasto de incertezas, desamparo, luto, medos e perdas. As situações e sequelas geradas levarão tempo a superar, sendo que algumas, infelizmente, já não terão retorno. Há ainda impactos, para os quais é prematuro perceber, no tempo que corre, a sua real dimensão. Positiva, no sentido em que as IPSS foram capazes de ir encontrando as respostas necessárias, num quotidiano difícil, farto de perplexidades e repleto de inquietações. As instituições – dirigentes, trabalhadores, utentes, famílias – souberam alterar e reajustar as suas dinâmicas de funcionamento, tendo sempre em mente as melhores respostas, no contexto desafiador que a todos congregava. A responsabilidade social, o sentido do outro – no âmbito da proximidade possível às pessoas e comunidades – e ainda a divulgação e o cumprimento, atento e permanente, das medidas de prevenção, contenção e mitigação dos riscos associados à Covid-19, em conformidade com as orientações das entidades competentes – nacionais e regionais – são igualmente fatores relevantes a ter em conta, no balanço possível no tempo que vivemos.
A situação geográfica e o facto de serem ilhas favoreceu a luta contra a pandemia?
O contexto geográfico e, a par, as medidas que foram sendo implementadas, foram globalmente favoráveis à luta contra a pandemia.
Qual o momento mais difícil que as IPSS do Arquipélago viveram neste período?
Se para muitas IPSS foram os primeiros meses de pandemia, tendo em conta as dúvidas, a insegurança, o espanto, a escassez de materiais e equipamentos de proteção, as notícias e informações em catadupa, para outras os constrangimentos financeiros, por exemplo, foram o mais difícil nos meses iniciais de 2021. O surgimento de casos positivos de Covid-19 representaram, naturalmente, para algumas instituições, tempos muito complexos e perturbadores. Importa ainda referir que as respostas sociais que nunca encerraram, tiveram momentos e níveis de dificuldade quotidiana, cuja permanência e intensidade foi diferente das ocorridas nas respostas sociais que estiveram encerradas durante meses e que ainda estão encerradas (infantários, centros de dia e centros de convívio, nomeadamente).
Como caracteriza a resposta das IPSS do Arquipélago no combate à pandemia e na proteção dos utentes?
A resposta das IPSS da Região Autónoma da Madeira no combate à pandemia foi uma resposta comprometida, solidária, adequada, atenta e assertiva, em prol sempre do melhor para os utentes e famílias. O reconhecimento e a consciência da necessidade de uma aprendizagem contínua intensiva, perante tantos e perturbadores desafios, foi também uma das características integrantes das respostas das IPSS da Madeira e do Porto Santo.
Qual o ponto da situação do processo de vacinação de utentes e trabalhadores?
O ponto de situação do processo de vacinação é positivo e continua, em termos gerais, a um ritmo razoável, tendo em conta as expetativas criadas.
E a testagem tem sido efetiva para salvaguardar qualquer surto?
Sim, sem dúvida.
A situação no Continente, que em 2021 tem sido muito diferente da do Arquipélago, gerou preocupação e levou a algum reforço de medidas?
Sim, a atenção e acompanhamento da situação no Continente, levou a que fossem consideradas medidas próprias, nomeadamente, nas ERPI (ao nível das visitas de familiares) e nos infantários (encerramento na 1ª semana de janeiro de 2021 e testagem dos trabalhadores docentes e não docentes).
Como olham as IPSS para o futuro próximo, quando sabemos que muita gente perdeu rendimentos e quando se perspetivam tempos difíceis a chegar?
O futuro próximo é olhado pelas IPSS, por um lado, com alguma apreensão e, por outro, com esperança. À realidade, dura bastas vezes, impõe-se juntar a confiança, a resiliência e a ação necessárias às soluções que, em cooperação e solidariedade, terão de fazer caminho no sentido da coesão e do bem comum. Espera-se ainda que no futuro próximo se ‘alcance’ a imunidade de grupo e que se consolidem algumas boas práticas que o tempo de pandemia fez emergir, sem prejuízo de continuarmos atentos aos sinais que estes tempos difíceis, tão violenta e intempestivamente, têm revelado. Há muita resposta que só será encontrada ou, ‘melhor encontrada’, se mais atentos às vozes e às vidas das pessoas que cruzam o nosso quotidiano e das IPSS.
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