«A VIDA E OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA»

Realizar a felicidade de quem é diferente é um trabalho de todos

Durante dois dias o ciclo de webinars «A vida e os direitos das pessoas com deficiência», promovido pela CNIS, reuniu cerca de 370 participantes, numa iniciativa realizada online.
Foram dois dias de reflexão e debate sobre o percurso que se quer para cada e todas as pessoas portadoras de deficiência, a tão referida pelos oradores “viagem”, que tocou a Intervenção Precoce na Infância; a Educação Inclusiva; a Formação Profissional e Empregabilidade; e, por fim, o Direito à Vida Independente na Comunidade.
Este caminho que começa à nascença, continua com a escolarização, prossegue na formação e no trabalho e que tem como grande objetivo final proporcionar às Pessoas Com Deficiência e Incapacidade (PCDI) uma vida independente, salvaguardando sempre “o direito de opção” destas pessoas.
“Este ciclo de webinars reflete o caminho que é preciso fazer e se alguma destas etapas falhar pode comprometer o que se tem que fazer para se alcançar o maior sucesso possível”, sublinhou a secretária de Estado para a Inclusão, Ana Sofia Antunes, no encerramento dos trabalhos.
Ao longo dos quatro painéis que compuseram o ciclo de webinars, foram muitas as reflexões e troca de ideias das quais as conclusões são inúmeras, tendo, no entanto, o presidente da CNIS destacado, desde já, algumas das mais significativas.
“Graças ao saber e à experiência dos oradores e à mestria dos moderadores que conduziram cada um dos painéis” a reflexão, para o padre Lino Maia, evidenciou “a importância dos temas e a pertinência da sua discussão e reflexão”.
“O futuro constrói-se no presente, sem deixar de refletir sobre o que se passou no passado. A iniciativa destes dois dias permitiu-nos refletir sobre o modo como têm sido trilhados os caminhos das pessoas com deficiência, mas permitiu-nos, igualmente, olhar o futuro, desafiando, no presente, a criar novas estratégias e a intensificar os desafios bem-sucedidos que têm sido assegurados”, referiu, lembrando: “O futuro está nas nossas mãos, há muito trabalho para o concretizar”.
A diversidade dos oradores, que contou com académicos, investigadores, responsáveis por departamentos do Estado, técnicos de IPSS, magistrados e ainda de algumas mães, garantiu uma grande riqueza de reflexões e um debate rico.
Dessa reflexão e debate, o presidente da CNIS destacou alguns pontos, a saber:
“1 - Parcerias e complementaridades. Apresenta-se como transversal, a cada uma das matérias abordadas neste ciclo de webinars, a necessidade de melhorar e intensificar a articulação interinstitucional, dentro do Sector Social e Solidário entre as instituições que o constituem; a cooperação interministerial dentro do sector público, bem como deste com o Sector Social e Solidário. Num espírito de cooperação, envolvimento e complementaridade, só um efetivo trabalho articulado e em rede permite a concretização dos desígnios e direitos das pessoas com deficiência, o que, aliás trespassa a toda a atuação ao nível da cooperação entre o Governo e o Sector Social e Solidário. Legislar sobre matéria que influencia o Sector Social, sem o ouvir, não é aceitável.
2 - Centrar, com intencionalidade, a pessoa nos sistemas de proteção social (educação, saúde e segurança social). Responder às diferentes circunstâncias de cada pessoa, família e comunidade, obriga à complementaridade e parceria já referidas, e ainda ao desenho e concretização integrada de diferentes respostas e serviços, flexíveis sem formatações excessivas e limitadoras.
3 - Primeiros anos de vida. Para a CNIS, a intervenção nos primeiros anos de vida, centrada na criança e nas suas especificidades, é fundamental e deverá ser reforçada a sua importância e cobertura nacional. Este é o entendimento que leva esta Confederação a integrar a campanha nacional «Primeiros Anos a Nossa Prioridade» que se enquadra no âmbito da campanha europeia «First Years First Priority».
4 – Tempo. Refletir sobre a importância do tempo investido em cada serviço e cuidado que é prestado à pessoa com deficiência. Este tempo, que se quer seja o necessário e de qualidade, tem impacto na capacitação, nos rácios de recursos humanos e nos custos das respostas desenvolvidas. Estes são fatores básicos e estruturantes nas relações de cooperação e de negociação entre o Governo e o Sector Social e Solidário.
5 - Produtos de Apoio. Os trabalhos deste ciclo de webinars demonstraram a indispensabilidade dos produtos de apoio prescritos para a estimulação, reabilitação e reintegração das pessoas com deficiência, nomeadamente para as crianças, pelo que terá que ser colocado nas preocupações para decidir que a atribuição destes produtos de apoio deixe de ficar dependente de cabimentação orçamental de cada sector (educação, saúde e segurança social), comprometendo os objetivos a que se destinam.
6 - Modelos de Acolhimento Residencial. Estar acolhido numa instituição não significa estar num modelo institucionalizante. É fundamental desmistificar, de vez, este pré-conceito. O modelo de acolhimento residencial, integrado na comunidade, centrado nas necessidades e capacidades de cada pessoa, privilegiando pequenos grupos, visando sempre o bem-estar, autonomia e participação ativa das pessoas com deficiência, independentemente do nome que lhe seja atribuído, é o modelo que defendemos. Precisamos de redesenhar e melhorar? Claro que sim! O Sector Social e Solidário está, como sempre, disponível para trabalhar.
7 - Novas tecnologias como recursos e instrumentos de trabalho. Para além da importância das novas tecnologias para a inclusão social e profissional das pessoas com deficiência, elas são também recursos e instrumentos de trabalho para todos, pelo que esta transição digital é mais um desafio para as instituições e para as suas equipas: para a sua aquisição, para o desenvolvimento de competências, bem como para a alteração de processos de trabalho, contribuindo para a melhoria dos resultados”.
A fechar, o presidente da CNIS sublinhou que “dar vez e voz às pessoas com deficiência é o nosso propósito, dar vez e voz às instituições é a nossa missão”.
Para quem não pôde assistir ao ciclo de webinars, a CNIS disponibiliza no seu website a gravação do mesmo, tal como algumas das apresentações dos diversos oradores.

 

Data de introdução: 2021-05-21



















editorial

O COMPROMISSO DE COOPERAÇÃO: SAÚDE

De acordo com o previsto no Compromisso de Cooperação para o Setor Social e Solidário, o Ministério da Saúde “garante que os profissionais de saúde dos agrupamentos de centros de saúde asseguram a...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Imigração e desenvolvimento
As migrações não são um fenómeno novo na história global, assim como na do nosso país, desde os seus primórdios. Nem sequer se trata de uma realidade...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Portugal está sem Estratégia para a Integração da Comunidade Cigana
No mês de junho Portugal foi visitado por uma delegação da Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância do Conselho da Europa, que se debruçou, sobre a...