UIPSSD BRAGANÇA

Um grande encontro de afetos para assinalar duas décadas de vida

Tal como a UDIPSS Porto, também a União Distrital de Bragança celebra 20 anos de existência neste mês de abril. As dificuldades que o território e o despovoamento e o envelhecimento da população colocam às IPSS brigantinas na concretização da sua missão é o grande combate que a UIPSSDB enfrenta, segundo a presidente Paula Pimentel, que traçou, para o SOLIDARIEDADE, um retrato do passado e presente da União, projetando ainda o futuro.

SOLIDARIEDADE - Quais os principais marcos nestes 20 anos de história da União Distrital?
Paula Pimentel - Um dos marcos mais significativos da nossa história foi, sem dúvida, a onda de solidariedade que sentimos para aquisição de uma viatura de nove lugares para apoio a todas as nossas associadas. Foi uma iniciativa de uma coletividade local, sem qualquer ligação às IPSS, o Aeroclube de Bragança (ACB), que decidiu realizar batismos de voo solidários, revertendo a receita destes voos para a aquisição da viatura para a União. Foi impressionante sentir a adesão da comunidade local e também de pessoas anónimas de vários pontos do país que quiseram voar para ajudar. No «Careto AirShow» de 2019 foi-nos entregue a viatura e foi um momento muito emocionante e inesquecível. Depois, a própria pandemia da doença Covid-19, foi um momento demasiado duro para todos, em que sentimos a importância da União Distrital e o quanto significava para cada uma das instituições o sentimento de pertença a um grupo que enfrentava os mesmos desafios. A União funcionou como um braço de amparo, como um guia que procurava orientar, uma luz que tentava romper a escuridão. Foi na fragilidade que sentimos que a União Distrital tinha um enorme significado na vida de cada uma das suas associadas.

Que balanço faz do legado que recebeu dos seus antecessores?
Os nossos antecessores abriram o caminho e plantaram as fundações: espírito de missão e de serviço no caminho do bem comum. Romper o caminho é sempre a parte mais difícil, trabalhar as mentalidades e mostrar que juntos podemos caminhar mais devagar, mas vamos mais longe e com maior segurança. Eles deixaram esse trabalho feito e nós tentamos, a cada dia, honrá-los e dar-lhe continuidade e, sempre que possível, melhorá-lo. Hoje temos uma atuação mais abrangente e mais presente, dando mais apoio às nossas associadas, mas foram os nossos antecessores que nos preparam para este caminho.

Quais os maiores obstáculos à ação da União Distrital?
Estamos numa região muito vasta, do ponto de vista territorial, com graves problemas de despovoamento e ainda maiores de envelhecimento da população. A União Distrital de Bragança vive uma realidade completamente diferente da realidade nacional, e sentimos que, por vezes, é difícil que os nossos pares e, sobretudo, as entidades que tutelam a ação social no país compreendam estas diferenças estruturais. Talvez porque somos poucos, nem sempre a nossa voz é ouvida! A par disso, enfrentamos graves problemas de excesso de trabalho, devido à falta de recursos que não nos permitem a contratação de recursos humanos suficientes, ficando tudo a cargo dos elementos dirigentes. Com a pandemia, esta fragilidade tornou-se mais evidente. Foram dias, aliás meses, de enorme pressão profissional e psicológica, com a necessidade de duplicação de serviços, uma vez que a UIPSSDB tem de atender, muitas vezes, a várias instituições com os mesmos pedidos ou necessidades.

Quais os grandes desafios para a UDIPSS no presente e, em especial, no futuro?
Conseguir melhorar a atuação da UIPSSDB, começando por reforçar o quadro técnico. É urgente a contratação de pessoal com perfil adequado às exigências dos nossos serviços, proporcionando-lhes remuneração adequada a essas exigências. Lutar para conseguirmos tornar o nosso sector mais apetecível e atrativo para os profissionais de todas as IPSS pois, qualquer dia, corremos o risco de não ter candidatos para trabalhar.

Como caracteriza a relação da UIPSSD Bragança com as IPSS associadas?
De grande proximidade e espírito de cooperação. A UIPSSDB tem mantido o apoio permanente às associadas, principalmente, jurídico. As IPSS já se habituaram à disponibilidade e ao amparo da União, pois sentem que não estão sós, colocando questões e obtendo ali a sua resolução.

Como é o relacionamento com a CNIS? Em que pode ser melhorado e potenciado em favor das IPSS associadas?
Com a CNIS mantemos uma relação saudável e também de grande proximidade. Os seus dirigentes têm da nossa parte uma enorme estima e respeito. O que pode ser potenciado é reforçar a nossa relação no sentido de tornar mais forte o Sector Social Solidário. A CNIS pode-nos ajudar a dar a conhecer devidamente a nossa realidade e dar o seu contributo na defesa das nossas lutas, pois tem um enorme peso a nível nacional e junto do Governo.

Porque escolheram celebrar o 20º aniversário da forma que o vão fazer?
Nesta celebração queremos, ao mesmo tempo, abordar assuntos de interesse geral para as IPSS e festejar a possibilidade de podermos voltar a estar juntos fisicamente, depois de tantas e tantas reuniões por via digital. Sabemos como é importante o convívio entre dirigentes, colaboradores e técnicos e entre as várias instituições, porque sabemos da importância de olhar nos olhos, de sorrir para os nossos amigos, a importância de um abraço, especialmente agora depois de tantas provações que enfrentámos nos últimos dois anos. No primeiro mandato da atual Direção da União realizámos um encontro de associadas, o que foi extremamente importante para nos conhecermos melhor, partilharmos ideias, projetos, sonhos e expectativas e sentimos que é o momento de o voltar a fazer. Este será um grande encontro de afetos.

 

Data de introdução: 2022-04-07



















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