O Governo espera abrir mais cinco mil vagas nas creches durante o próximo ano letivo, revelou a ministra da Solidariedade, que vai lançar este mês um anúncio de 20 milhões de euros para financiar as obras.
A medida é divulgada no dia em que arranca o programa de gratuitidade das creches, que começa nas instituições do setor social e solidário para todas as crianças que nasceram no último ano.
Em janeiro de 2023, acrescentou a ministra em declarações à Lusa, o programa será alargado aos bebés mais novos de instituições privadas que não conseguiram vaga no setor social e solidário.
O programa será alargado de forma faseada até 2024, quando todas as crianças dos três anos de creche estarão abrangidas pela gratuitidade, independentemente dos rendimentos das famílias.
Para garantir o acesso a todos, o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) está a trabalhar no alargamento da capacidade de resposta.
"Vamos lançar este mês um aviso, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para alargamento de vagas de lugares em creches", disse a ministra da Solidariedade e Segurança Social.
Segundo Ana Mendes Godinho, o aviso conta com "20 milhões de euros para procurar aumentar cinco mil lugares em creches" durante este ano letivo.
Os projetos de reconversão de espaços já existentes terão prioridade em relação às novas construções, para que o processo seja "mais simples, mais rápido e com um custo menor", acrescentou a governante.
No entanto, também podem candidatar-se novas construções e até espaços "desenvolvidos por construções modelares", afirmou Ana Mendes Godinho.
"O nosso objetivo é, nos próximos dois anos, ter a capacidade de aumentar em dez mil lugares o total da rede de creches, complementando este aviso com aqueles que já lançámos", disse a ministra.
As vagas podem abrir em todo o país, mas também aqui será dada prioridade aos projetos em zonas onde a taxa de cobertura é menor, ou seja, onde há mais procura e menos capacidade de resposta, como é o caso da área metropolitana de Lisboa.
"Vamos priorizar com critérios de discriminação positiva na identificação da seleção dos projetos a abranger", disse.
A gratuitidade da frequência das creches está dependente da capacidade dos estabelecimentos, sendo a única exceção os casos de crianças em risco que poderão obrigar a criar uma vaga extra.
Segundo o diploma publicado no final de julho, a exceção são as crianças com medidas de promoção e proteção "com indicação de frequência de creche, que têm acesso e admissão obrigatórios na resposta de creche, ainda que para o efeito tenha de ser criada vaga extra".
No caso de não haver vagas para todos, há uma lista de prioridades para admissão que tem em conta a situação económica familiar mas também outras "circunstâncias conducentes à desvantagem social da criança e da respetiva família".
A lista de prioridades para admissão nas vagas das respostas sociais é encimada pelas crianças que já frequentavam a creche no ano anterior, seguindo-se as crianças com deficiência ou incapacidades.
As crianças, que agora venham a ser abrangidas pela medida, vão mantê-la durante todos os anos que estiverem na creche.
"Hoje é um dia importante para as crianças em Portugal e para o país porque pode ser uma medida transformadora do ponto de vista de inclusão, de promoção de igualdade entre homens e mulheres e também da conciliação entre a vida pessoal, familiar e profissional e ser transformadora de muitas crianças permitindo que desde o início façam parte de um sistema coletivo que as integra, nomeadamente combatendo a pobreza infantil e cortando ciclos intergeracionais", salientou Ana Mendes Godinho.
A partir de setembro, o Estado deixa de apoiar exclusivamente as famílias de mais baixos rendimentos, já que até agora apenas as crianças de famílias dos 1.º e 2.º escalões tinham direito a creches gratuitas.
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