TÂNIA GASPAR, PRESIDENTE DA UDIPSS SANTARÉM

Há um enorme desafio a superar que passa por garantir a sustentabilidade

Após um longo período de estabilidade liderada por Eduardo Mourinha, a União Distrital das IPSS de Santarém, que a 15 de dezembro assinala 21 anos de existência, passou por ano e meio de grande instabilidade diretiva, com a presidência a ser ocupada por três diferentes dirigentes, e já no corrente ano Tânia Gaspar assumiu o cargo. A jovem dirigente assume, ao SOLIDARIEDADE, que, atualmente, tem “um enorme desafio a superar” em nome da União: “Cumprir a nossa missão e garantir a sustentabilidade”. A UDIPSS Santarém é das mais antigas e conta com mais de 180 associadas.

SOLIDARIEDADE - Quais os principais marcos nestes 21 anos de história da União Distrital?
TÂNIA GASPAR - Tivemos vários marcos nestes 21 anos em que a UDIPSS de Santarém desenvolveu com dignidade e proatividade a sua atividade. No entanto, destaco, em 2008, a passagem da Chama da Solidariedade pelo nosso distrito e a organização, em 2011, da Festa e Chama da Solidariedade, que congregou centenas de pessoas, vários parceiros locais entre Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, Associações Culturais e IPSS, sob a orientação do então presidente da Direção sr. Eduardo Mourinha. Outro dos marcos históricos, é a realização do Encontro Nacional de Intervenção Social da UDIPSS de Santarém, que já vai para a sua terceira edição. Foram realizados dois e o terceiro foi suspenso pela pandemia, pelo que esperamos que possa vir a acontecer no próximo ano.

Que balanço faz do legado que recebeu dos seus antecessores?
Durante vários anos esta União foi dirigida pelo sr. Eduardo Mourinha, e cujo antecessor foi aquele que melhor acompanhei e com quem tive oportunidade de aprender muito, na altura, noutro contexto e na qualidade de técnica de uma entidade parceira da União. O Sr. Mourinha deixou-nos uma situação, à época, confortável e uma imagem de consideração e admiração pelo trabalho desenvolvido pela União. Entretanto, estive mais afastada da União, mas, neste momento, temos um enorme desafio a superar: cumprir a nossa missão e garantir a sustentabilidade.

Quais os maiores obstáculos à ação da União Distrital?
Creio que um dos principais obstáculos que se coloca é a falta de recursos para que possamos desempenhar um verdadeiro apoio às nossas associadas, não só a nível jurídico, mas noutras dimensões, como, por exemplo, o apoio à elaboração de candidaturas ou o apoio à comunicação das instituições, que não sua maioria são muito frágeis nestes domínios. Seria muito importante que pudéssemos dispor de recursos, nem que fossem partilhados com outras Uniões, para poder dar um apoio qualificado nestes domínios.

Quais os grandes desafios para a UDIPSS no presente e, em especial, no futuro?
A sustentabilidade financeira. Creio que este será, certamente, o maior desafio para as organizações do Sector Social e Solidário no qual, naturalmente, a nossa União se inclui. Para conseguir levar por diante o seu trabalho, a União, para além das quotizações que recebe, e felizmente os incumprimentos são muito poucos num universo de 186 instituições, leva a cabo um plano de formação anual que tem sido a única fonte de receita da União. Com a pandemia, essa situação alterou-se, sendo que o número de ações diminuiu significativamente. Está a ser muito difícil manter o apoio técnico, jurídico e formativo às associadas sem outro tipo de financiamentos.

Como caracteriza a relação da UDIPSS Santarém com as IPSS associadas?
Eu ainda sou recente, mas do contacto que vou tendo, parece-me que é globalmente boa. A maioria das nossas associadas apoia e valoriza o trabalho que apresentamos e o esforço que temos desenvolvido, o espírito de diálogo numa convergência de ideias e o foco em torno da valorização do importante e inigualável trabalho desenvolvidos pelas nossas IPSS. Certamente, se cumprirmos a nossa missão, fizermos chegar as suas necessidades à CNIS e que estas se sintam representadas, se tiverem o nosso apoio às questões que nos colocam, não terão razões para não ter uma boa relação com a União.

Como é o relacionamento com a CNIS? Em que pode ser melhorado e potenciado em favor das IPSS associadas?
Por parte desta Direção, temos procurado manter um bom relacionamento com a CNIS, sobretudo, de maior proximidade e cooperação, procurando sempre responder aos desafios que nos são apresentados. Para melhorar e potenciar este relacionamento em favor das IPSS associada, eu diria que temos que continuar a manter esta relação para que, conjuntamente, possamos responder aos desafios das nossas associadas, prestar-lhes o apoio que elas necessitam e, se possível, podermos contribuir para que lhes sejam proporcionadas melhores condições para a realização do seu trabalho.  

Pensam assinalar o 21º aniversário de alguma forma particular? Se sim, o que pretendem fazer?
Comemorar um aniversário é sempre bom, é sinal de vida e de dinâmica. Contudo, o presente preocupa-nos, pelos desafios que neste momento todos enfrentamos. Este ano, iremos comemorar, antecipadamente, no dia 12 de dezembro, mais um ano de vida, aquando do habitual Jantar de Natal.

 

Data de introdução: 2022-12-19



















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