Os trabalhadores das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) dos Açores vão receber um aumento salarial de 5,97%, com efeitos retroativos a janeiro de 2023, segundo uma convenção coletiva de trabalho assinada com dois sindicatos.
"Este acordo culmina naquilo que a URIPSSA está a tentar fazer nestes últimos anos, que é melhorar as carreiras dos funcionários das IPSS e valorizar, a nível remuneratório, aquilo que eles merecem. Achávamos que eles mereciam mais, mas não conseguimos atingir esses valores, porque é importante nós vermos o que eles precisam de receber e a sustentabilidade das instituições", afirmou, em declarações aos jornalistas, o presidente da União Regional de Instituições Particulares de Solidariedade Social dos Açores (URIPSSA), João Canedo.
O responsável falava, na Praia da Vitória, na ilha Terceira, à margem da assinatura de uma convenção coletiva de trabalho com o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos dos Açores (Sintap) e com o Sindicato dos Profissionais de Escritórios, Comércio, Indústria, Turismo, Serviços e Correlativos da Região Autónoma dos Açores (Sindescom).
Os sindicatos reivindicavam um aumento salarial de 8,5%, em 2023, mas foi acordado um aumento da massa salarial de 5,97% e um aumento de 4,60% no subsídio de alimentação.
Segundo o presidente da URIPSSA, o valor é diferente consoante as instituições, mas os aumentos salariais podem representar um esforço de 80 mil euros em algumas IPSS.
"Oito e meio por cento era completamente impossível porque ia ao encontro da sustentabilidade das instituições. Nós temos de melhorar, mas não podemos deixar de ter instituições sustentáveis, porque o que podia acontecer era termos de fechar instituições", justificou.
João Canedo reconheceu a importância da revisão dos acordos de cooperação com o Governo Regional, mas alertou para os aumentos dos custos de manutenção das instituições, em particular na energia.
"Nós fomos aumentados brutalmente na fatura da eletricidade. Fomos aumentados 60%, sem aviso nem pré-aviso. Há instituições em que esse aumento equivale a 36 mil euros. Estamos a falar de um aumento brutal. Quase que põe em causa todo o trabalho que o Governo Regional tem feito com a URIPSSA ao nível da parceria e dos aumentos de acordos de cooperação", frisou, acrescentando que a URIPSSA já solicitou uma reunião com o presidente do Governo Regional.
O Sintap/Açores saiu "satisfeito" das negociações e admitiu que a convenção coletiva com a URIPSSA "tem vindo a melhorar a cada ano".
"É um aumento muito bom. Não foi o que nós propusemos no início, mas compreendemos que uma negociação é assim mesmo", avançou o dirigente sindical Orlando Esteves, realçando também a valorização de algumas carreiras.
"Tentámos retirar praticamente os níveis todos do ordenado mínimo. Só fica no ordenado mínimo o último nível da tabela. Todos os outros, acima da tabela", salientou.
Também o Sindescom ficou "satisfeito" com os valores apresentados, alegando que o acordo foi "melhor do que o do ano passado".
"Houve melhorias em termos de diuturnidades, de subsídio de alimentação, de progressão de carreiras. Foram valores a beirar os 6%, o que foi muito bom, tendo em conta os resultados do ano passado", vincou Paulo Mota.
Os sindicatos ainda não concluíram as negociações com a União Regional de Misericórdias dos Açores (URMA), mas esperam pelo menos um resultado igual.
"A nossa esperança é que a URMA se aproxime ou mesmo iguale as IPSS porque, ao fim ao cabo, fazem trabalhos idênticos", apontou o dirigente do Sintap.
"Esperamos sempre para melhor, inferior é que não", acrescentou o dirigente do Sindescom.
Não há inqueritos válidos.