De um grupo de pessoas aposentadas, que se reuniam para passar o tempo, nasce a Associação de Solidariedade Social “Viver em Alegria” na Figueira da Foz. Isto acontece com toda a naturalidade, porque cedo começam a sentir que não podiam ficar por aí e que era preciso fazer algo de importante em prol da comunidade. A actual presidente da direcção, Natércia Crisanto, licenciada em História, "mostra" ao SOLIDARIEDADE como de um encontro de aposentados pode nascer uma instituição como esta, que aposta em partilhar e socializar com alegria.
A Associação
Viver em Alegria fez a sua apresentação pública em 8 de Maio de 1999, com o objectivo de anunciar os seus propósitos de promoção de iniciativas de solidariedade social e de protecção à infância e juventude, mas também de apoio à "idade maior", à família e à comunidade. Desde então, nunca mais esmoreceu na procura de fazer mais e melhor, tendo em conta, em particular, as famílias e pessoas mais frágeis da sociedade, como toxicodependentes, alcoólicos e prostitutas, ajudando-os através de projectos de reintegração social.
Natércia Crisanto, enquanto recorda a caminhada desta associação, não deixa de sublinhar o sonho de construírem uma sede própria para as múltiplas iniciativas que promovem e desenvolvem constantemente, muitas delas em parceria com outras instituições do concelho da Figueira da Foz. Nessa linha, a direcção está a estudar a hipótese de se candidatar a um programa que viabilize esta grande ambição.
Por outro lado, realça a importância do voluntariado na sociedade de hoje, mas logo refere que, para além dos voluntários que dão o seu melhor, ainda há na instituição "muita gente disponível que não está motivada para certos serviços". E acrescenta: "Precisamos de mais, em especial para uma vertente para a qual a associação foi criada, nomeadamente para o apoio às pessoas que estão sozinhas e que precisam de companhia e de quem as oiça."
Lembra que estão já a criar um grupo de pessoas que se disponham a colaborar na luta contra a solidão, sempre com alegria, mas também para acompanharem os mais velhos a consultas e em passeios. Porém, não deixa de reconhecer que há idosos que não gostam que "interfiram nas suas vidas".
A presidente da direcção da
Viver em Alegria frisa que o desemprego aumentou e que "há famílias que viviam bem e que agora estão mal". Como consequência disso, adianta que "há muita miséria encoberta e que as pessoas nessa situação são as mais difíceis de abordar, pelo que temos de agir com muita discrição no apoio que pretendemos dar-lhes". Refere que, com a cooperação do Banco Alimentar Contra a Fome, estão a ser ajudadas 60 famílias pela associação, "havendo muitas outras a solicitar auxílio".
De 1 de Março de 2005 até Abril de 2007, a instituição tem a decorrer cursos de valorização pessoal e socioprofissional. O primeiro com a duração de 70 horas para cada uma das quatro acções, e o segundo com a duração de 250 horas para cada uma das duas acções previstas. Para além desses cursos, destinados a toxicodependentes, prostitutas, alcoólicos e outras pessoas carenciadas, a Associação
Viver em Alegria põe à disposição da população da freguesia de S. Julião um Gabinete de Atendimento, um Ateliê Lúdico-Pedagógico dirigido a crianças dos seis aos 14 anos e alguns apoios dirigidos a adultos analfabetos e a imigrantes de Leste. Há, também, Feiras Temáticas, a primeira das quais se realizou em Março deste ano, subordinada ao tema "Toxicodependência e Alcoolismo".
Oferece, ainda, Workshops sobre temas adequados às necessidades sentidas pelas famílias e Minifeiras de novas oportunidades, com apresentação de projectos de vida, ajustados às expectativas das pessoas. Por outro lado, organiza um Curso de Qualificação dos Agentes de Desenvolvimento Sociocomunitário, que conta com duas acções, a primeira até 31 de Dezembro próximo e a segunda de Abril de 2006 a Novembro do mesmo ano. Estes projectos contam com a cooperação do Estado Português, dos Fundos Sociais da União Europeia e do Programa Operacional Emprego, Formação e Desenvolvimento Social.
Uma outra iniciativa de notório impacto na região é a Universidade Sénior, que resulta de uma parceria entre a Associação Viver em Alegria, o Lions Clube da Figueira da Foz e o Centro Regional das Beiras da Universidade Católica (Pólo da Figueira da Foz). Nasce de uma ideia que Natércia Crisanto alimentou durante muito tempo, com a finalidade de promover o desenvolvimento cultural e de sensibilizar para as questões ambientais, estéticas e de defesa do património natural e cultural.
Presentemente, preocupa-se em conhecer as medidas adequadas à protecção da saúde dos mais idosos, ocupando os tempos livres dos aposentados e promovendo a valorização pessoal, através da implementação de múltiplas áreas, desde as ciências sociais às artes, passando pelas línguas e informática e por actividades extra-curriculares, de que se destacam conferências, visitas de estudo e utilização de uma biblioteca.
A presidente da direcção da Associação
Viver em Alegria refere ao SOLIDARIEDADE que não têm pedido muito à comunidade nem à Câmara Municipal da Figueira da Foz, porque não aceitam o espírito de "subsídio-dependência" de muita gente. Nessa linha, entende que "nós devemos criar os nossos próprios meios, procurando resolver os nossos problemas por nós próprios".
Mas a
Viver em Alegria não se fica por todas estas valências e projectos. Um outro campo, o Teatro, está desde a primeira hora nos programas da associação, ou não seja a Figueira da Foz uma terra que cultiva, desde há muito, a arte de Talma, com os seus cerca de 20 grupos. Desde a sua fundação, a associação participa nas Jornadas de Teatro, com o seu próprio grupo, o qual não descura a formação dos seus membros.
Natércia Crisanto valoriza, durante a entrevista que concedeu ao SOLIDARIEDADE, a cooperação com todas as instituições do concelho, com as quais estabelecem parcerias, e informa que a associação a que preside, já no segundo mandato, vai implementar a angariação de mais sócios, durante o próximo ano. A finalizar, salienta que a grande preocupação da
Viver em Alegria é promover as pessoas, "para que elas, por si próprias, resolvam os seus problemas".
Data de introdução: 2005-12-02