RECORDANDO O PASSADO

Perspectivando O futuro

Foi a 25 de Janeiro de 2003 que a então União das Instituições Particulares de Solidariedade Social deu lugar à Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade após a aprovação dos respectivos Estatutos e com a celebração do I Congresso Nacional.
Foi também nesse mesmo dia que assumimos a Direcção do Conselho Directivo Nacional sob o lema "Gerar Inovação, Gerir Mudança", lema que animou os trabalhos do I Congresso da Confederação. 

Foi uma mudança radical devido à nova organização, como também se augurava que o fosse na vida da Confederação acabada de nascer.
Passaram-se três anos e ao recordá--los queria deixar aqui algumas breves considerações.
Desde logo a situação instável da política em Portugal, pois quer se queira quer não, ela tem uma grande influência pela positiva ou pela negativa na vida das nossas Instituições. As boas relações com o poder constituído é meio caminho andado para a segurança e tranquilidade da nossa acção social. 

É com o Governo que temos, que fazemos as negociações anuais dos Protocolos de Cooperação, é com o Governo, que apontamos caminhos de acção mais ou menos amplos, de acordo com a sua estabilidade para além da sua cor política.
Tal não aconteceu. Em três anos tivemos precisamente três Governos diferentes. Quando tudo parecia encaminhado nas negociações, alteravam-se as pessoas, mudavam-se os Governos, faziam-se campanhas eleitorais e o que estava iniciado passava para segundo plano porque a campanha eleitoral ocupava e preocupava a vida das pessoas. 

Foram campanhas eleitorais permanentes e que ainda não terminaram.
A instabilidade política esteve profundamente interligada com a crise financeira do país, sobejamente conhecida por todos e com graves consequências no presente e num futuro próximo onde os mais vulneráveis, precisamente os nossos maiores clientes que são a maioria dos utentes das nossas instituições, sentem-se profundamente atingidos.
Acresce ainda a nova forma de organização interna com a constituição das Uniões Distritais que substituíram os Secretariados Distritais. 

Parece um problema secundário, mas não o é de facto porque a filosofia tem que ser totalmente alterada devido à autonomia distrital e não dependente da estrutura de cúpula a nível nacional.
É caminho que ainda está por fazer em muitas partes e nalguns locais nem chegou tão pouco a ser possível instituir-se. 

A própria composição, organização e funcionamento dos órgãos dirigentes nacionais não foram o melhor exemplo no seu pleno empenhamento de unidade, coesão, respeito mútuo, compromisso sério assumindo cada qual a responsabilidade pelos seus respectivos pelouros com que todos nos solidarizámos no acto da tomada de posse.

Mas, não obstante todos os percalços, a CNIS esteve bem viva. Celebrámos bons Protocolos de Cooperação com uma percentagem de subsídio governamental que ultrapassou todas as mais optimistas expectativas.
Conseguimos celebrar com as delegações Sindicais um bom Contrato Colectivo de Trabalho que salvaguarda a justiça salarial para com os nossos trabalhadores.
Renovámos o "Solidariedade" dando-lhe nova vida, maior dinamismo, acompanhando mais de perto a vida da CNIS e das Instituições. 

Nasceu o "Solidariedade online” - instrumento importantíssimo para as nossas Instituições e para o público em geral seja em Portugal como no estrangeiro, que, ao visitar-nos o público em geral pode mais facilmente no dia a dia acompanhar o que de bom se faz através da acção social em Portugal.
Conseguimos sempre um bom diálogo com o Governo independentemente das pessoas que o compõem, tendo ultimamente apresentado um "dossier" anteriormente preparado, contendo uma série de preocupações que afectam seriamente o dinamismo das nossas instituições entre as quais não podiam faltar as problemáticas relacionadas com a educação da primeira infância (creches, pré-escolar e ATL) bem como os idosos e os mais dependentes e necessitados de cuidados continuados. 

Houve ainda a preocupação de um permanente diálogo e informação junto das Uniões Distritais e das associadas de base que são a razão da existência da Confederação.
E agora, que futuro nos espera?
Certamente não fácil porque a nossa actividade também o não é e ela bem espelha a difícil situação que o país atravessa. Cada vez mais aparecem franjas da sociedade que exigem urgentes respostas sociais tal como o envelhecimento progressivo da população, o isolamento do interior do país, a problemática da educação da primeira infância e as nossas respostas a nível das creches, do pré-escolar e dos ATL.
Importa desde logo empenharmo-nos para o reconhecimento, qualificação e valorização do trabalho voluntário mormente para os próprios dirigentes das IPSS.
O reconhecimento da CNIS como parceiro social;
A defesa da autonomia e da identidade das instituições abalada como sabemos pelos abusivos processos e métodos de fiscalização em curso;
A qualidade, a segurança e a sustentabilidade das nossas respostas sociais;
O incremento da intervenção social de raiz comunitária;
A estrutura de formação que melhor sirva os objectivos das associadas;
A alteração do modelo de relacionamento com as associadas de nível intermédio, Uniões e Federações, por forma a reforçar o espírito de solidariedade interna, a coesão e a unidade da Confederação.
A estabilidade política parece finalmente ter chegado e por isso o diálogo com o Governo também irá ser certamente mais facilitado e mais frutuoso . 

Procuraremos que os nossos trabalhadores tenham o justo salário esperando muito em breve a aprovação do regulamento de extensão do CCT celebrado com a FNE e outros, publicado no BTE, nº 25, I Série. 

Em suma aguardamos tempos melhores, tal como já vem sendo hábito augurarmo-nos mutuamente no início de cada ano civil, como é o caso, ou após a celebração do nosso próximo Congresso Nacional.

 

Data de introdução: 2006-01-29



















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