Mais de cem idosos responderam já ao inquérito lançado pela Associação Vida - Valorização Intergeracional que visa traçar o perfil dos "seniornautas" portugueses e conhecer o papel das instituições sociais no processo de info-inclusão dos idosos. Decorrida apenas uma semana desde o início do estudo, disponível através do projecto TiO (Terceira Idade Online - www.projectotio.net), "recolhemos quase cem respostas de pessoas com 55 anos ou mais, mas apenas duas respostas de centros sociais", disse à Lusa Teresa Almeida Pinto, responsável pelo projecto.
"Obtivemos uma excelente resposta dos idosos, mas deparamo-nos com um mutismo quase total dos centros" de terceira idade, afirmou a responsável. Frisou que "apenas dois centros sociais responderam ao inquérito e, lamentavelmente, para comunicar que a Internet não estava acessível aos utentes" das respectivas instituições. "Este facto leva-nos a questionar o papel que as instituições sociais devem ter para tornar a Internet mais acessível e mais atraente para os seniores", acrescentou a responsável.
Segundo Teresa Almeida Pinto, a maioria dos idosos que respondeu disse aceder à Internet a partir da casa, sendo residual o número de idosos que refere a utilização da Internet no centro social ou na biblioteca. Defendeu que as instituições de solidariedade social, bibliotecas e outros centros de acolhimento e atendimento devem não só disponibilizar o acesso à Internet aos mais idosos, como também dinamizar campanhas de sensibilização sobre os atractivos que esta tecnologia tem e o papel que pode desempenhar na melhoria da qualidade de vida.
O estudo está a ser desenvolvido, até 10 de Fevereiro, pela Associação Vida que para o efeito disponibiliza dois questionários no portal Projecto TiO. O objectivo é saber quantas e quais instituições sociais permitem aos seus utentes seniores o acesso à Internet e com que resultados e conhecer quais as barreiras que impedem outras instituições de oferecer este serviço - falta de recursos humanos, dificuldade em aceder os computadores, as mensalidades de acesso à Internet ou outras.
Segundo Teresa Almeida Pinto, o inquérito, que é "muito simples", pretende também saber quem são os idosos já conquistados pela Internet, como aderiram e porquê. "Sabemos que os idosos nestas circunstâncias são ainda muito poucos, mas acreditamos que, com persistência, se pode chegar bem mais longe, com níveis de adesão tão grandes como os registados já hoje pelo turismo sénior, que há cinco ou dez anos não tinha qualquer expressão", disse a responsável.
Dados divulgados em Dezembro passado, pelo Instituto Nacional de Estatística e pela Unidade de Missão Inovação e Conhecimentos, indicam que só 2,3 por cento dos portugueses com idades entre os 65 e os 74 anos acedem à Internet. Três anos antes, um estudo desenvolvido pela Sénior Watch revelou que quase metade dos seniores nos países nórdicos, 46 por cento na Suécia e 47 na Dinamarca, já recorriam regularmente à Internet. "Poderíamos até pensar que os seniores portugueses não gostam de se familiarizar com novas tecnologias, mas a verdade é que a percentagem de idosos do nosso país com telemóvel é bem superior à média europeia", frisou a dirigente da VIDA.
Segundo Teresa Almeida Pinto, a percentagem de portugueses com 50 ou mais anos que têm telemóvel está 12 pontos percentuais acima da média europeia, fixando-se nos 98 por cento. "O problema tem, portanto, outras origens e radica em factores como a baixa escolaridade e os baixos rendimentos da generalidade da população sénior", considerou.
01.02.2006
Data de introdução: 2006-02-15