O Santuário de Fátima recebeu este domingo, apesar do mau tempo, uma das maiores enchentes dos últimos anos, com muitos milhares de pessoas a assistirem às cerimónias da trasladação do corpo da Irmã Lúcia para a basílica local.
Estas cerimónias, que começaram ao início da manhã no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, com uma missa reservada à comunidade daquele convento, de onde a urna com o corpo da vidente de Fátima foi levado para a Sé Nova daquela cidade, prolongando-se até cerca das 17:00, quando se concluiu a tumulação na basílica da Cova da Iria. Com esta trasladação, ficam sepultados no mesmo templo os três pastorinhos que, em 1917, foram protagonistas nas aparições de Nossa Senhora.
A Irmã Lúcia morreu em 13 de Fevereiro de 2005 na sua cela no Carmelo de Santa Teresa, aos 97 anos, tendo sido decidido, pouco depois, que ficaria sepultada naquele convento durante um ano, após o que seria transportada para Fátima.
A permanência do corpo em Coimbra cumpriu um desejo manifestado por Lúc ia ao Bispo de Coimbra. "Gostava que, após a minha morte, o meu corpo ficasse sepultado no claustro deste Mosteiro pelo menos um ano, antes de ser levado para a basílica de Fátima", transmitiu a vidente ao prelado. Por outro lado, a tumulação na basílica, junto dos seus primos, os beatos Francisco e Jacinta Marto, foi, também, algumas vezes desejada pela Irmã Lúcia.
A expectativa em torno destas cerimónias é grande desde há alguns meses , com as unidades hoteleiras locais a apresentarem lotação esgotada para o fim-de-semana e a própria PSP a admitir que poderão deslocar-se a Fátima cerca de 250 mil pessoas. Muitos dos fiéis presentes serão estrangeiros.
Até ao final de quarta-feira estavam registados no Serviço de Peregrinos do Santuário 25 grupos organizados de peregrinos de sete países estrangeiros, para participarem nas cerimónias. Alemanha, Espanha, Estados Unidos da América, Irlanda, Itália, Polónia e Reino Unido são os países com grupos já confirmados pelo Santuário.
A trasladação do corpo da Irmã Lúcia ocorre numa altura em que começam a ser conhecidas alegadas curas registadas por intercessão da vidente e que poderão sustentar a abertura do processo com vista à sua beatificação.
Uma das alegadas curas terá ocorrido na Argentina, em Junho de 2005, quando uma menina de quatro anos, a quem fora diagnosticada a Síndrome Hemolítico Urémico, terá ficado sarada depois da mãe ter pedido a intercessão de Lúcia, ao mesmo tempo que levava ao peito o livro "Memórias da Irmã Lúcia". Este caso foi considerado pelo padre Luís Kondor, vice-postulador para a canonização de Francisco e Jacinta, como "cura sensacional".
19.02.2006
Data de introdução: 2006-02-20