Especialistas em protecção de menores reunidos em Santo Tirso lamentaram a "crucificação" a que dizem estar a ser sujeitos pela imprensa. "Não devemos esquecer a forma como os técnicos foram “crucificados” aquando de acontecimentos como a morte da Joana, da Vanessa ou do Daniel", lamentou a representante da Comissão de Protecção de Menores de Santo Tirso, Paula Brandão, numa reunião sobre a matéria.
"O senso comum tende a julgar as comissões de protecção pela ocorrência de acontecimentos deste tipo, nunca reconhecendo o trabalho que é efectuado para impedir que tais situações ocorram com mais frequência", acrescentou.
Em Janeiro de 2006, estavam em avaliação por todo o país 21.000 processos relativos a 32.000 menores em risco, num trabalho que envolve 4.000 membros das comissões alargadas concelhias e 1.500 das restritas. Paula Brandão frisou ainda que "nunca vai ser possível garantir, mesmo com técnicos a trabalhar a tempo inteiro, a total ausência destas situações".
O presidente da Câmara de Santo Tirso, Castro Fernandes, que abriu a reunião, partilhou da ideia de que o "ingrato" trabalho de protecção de menores "nada é ajudado pelo facto de hoje a matéria estar na ordem do dia e na agenda de todos os órgãos de comunicação social".
Maia Neto, que representou a Comissão Nacional de Crianças e Jovens no encontro, concordou que a imprensa "às vezes só pega nestas questões pelo ângulo negativo", o que "pode ter o efeito destruidor de uma estrutura que até é positiva".
Admitiu, contudo, que os media funcionam como um "bom aguilhão" para o trabalho das comissões de protecção e aconselhou os técnicos presentes a extrair do que lêem apenas o que pode contribuir para melhorar o seu trabalho.
17.02.2006
Data de introdução: 2006-02-22