O desafio de estar com...

1. Uma certa necessidade e forma de estar sempre nos têm caracterizado. É o estar com fé, o estar com os outros, o estar com determinação, o estar com soluções. E as soluções têm sido respostas solidárias que correspondem a esta necessidade de estar, que aparecem grandemente matizadas pela fé e que se implementam como uma certa forma do exercício de cidadania...
De facto, com maior ou menor eficácia, quando se confrontam com carências, problemas ou desafios, os portugueses revelam reconhecida capacidade de enfrentar os desafios e superar as carências. Solidariamente. Para que o homem seja mais humano e todo o humano mais feliz, mais solidário e mais construtor. 

Foi assim que, ao longo dos séculos, apareceram respostas que vieram desde os recuados grémios e irmandades até às estruturadas e inovadoras instituições particulares de solidariedade de hoje (IPSS’s). O percurso passou pela defesa do direito dos pobres através de colectas paroquiais, refeições dos pobres, confrarias mutualistas e hospitais, passando por muitas e muitas experiências que, com maior ou menor vigor, perduram ainda com algum espírito renovador. 

São as respostas de apoio à família, a crianças e jovens, a idosos e deficientes. São as repostas de apoio à promoção da saúde, nomeadamente através da prestação de cuidados de medicina preventiva, curativa e de reabilitação, de apoio à integração social e comunitária, à protecção dos cidadãos na velhice e invalidez e em todas as situações de falta ou diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho, de educação e formação profissional e resolução dos problemas habitacionais das populações. Umas desenvolvem trabalho comunitário, outras estão vocacionadas para trabalho sócio-educativo ou para trabalho com excluídos sociais. Outras são um pouco de tudo isso. São respostas sob designações tão diversas como associações de solidariedade social, associações de voluntários de acção social, associações de socorros mútuos, fundações de solidariedade social. Muitas dessas respostas são de iniciativa e constituição canónica (Igreja Católica), e quase outras tantas de diversas igrejas ou de iniciativas de cidadãos e organizações civis. Umas estão implantadas em comunidades economicamente ricas e outras a actuar em comunidades estruturalmente pobres. 

Todas, porém, correspondem ao exercício de cidadania e são iluminadas pela bandeira desfraldada da solidariedade. E todas apareceram e desenvolvem-se para estar com os outros, com crença e com determinação.

2. Foi neste contexto que no período pós revolucionário apareceu entre nós uma organização representativa de todo este mundo de respostas solidárias. Com determinação e sob o lema da unidade, a organização pretendia representar todo um rico mundo de respostas solidárias que tendo a sua génese num certo espírito voluntarista e cristão, começavam a ter, então, a sua expressão no âmbito duma organização que reflectia enriquecida e enriquecedora pluralidade. E foi certamente esta rica expressão de diversidade que engrossou e argamassou a unidade. E a pluralidade na unidade fez pulular um muito mais expressivo número de respostas solidárias por todo o país, desde a mais remota aldeia até aos mais diversos núcleos urbanos.

A UIPSS, nascida há mais de uma vintena de anos, agora sob a nova designação de CNIS, é essa organização que, enquanto agregadora desse inesgotável manancial de respostas solidárias, é instância de esperança e bandeira de caminhos de futuro. E tem cumprido porque tem sabido estar...

3. O recente Congresso apontou dois caminhos convergentes para que a CNIS honre o seu já rico historial e esteja mais ainda. Enquanto organização representativa das instituições particulares de solidariedade social, hoje espera-se da Confederação mais agilidade, mais defesa da subsidiariedade, mais presença, mais proximidade. Para mais qualidade, mais sustentabilidade, mais inovação. Mas pede-se também que seja um movimento que dê maior pensamento sustentado e visível ao sector, com abertura de caminhos, com aposta em liderança, com debate de ideias. Para que, fiel ao passado, doravante a CNIS esteja ainda com mais fé, com mais determinação, com mais soluções...

A história sepultará qualquer tentativa de contrariar este estar com e que, correspondendo a um disfarçado ou claro projecto pessoal ou a uma vontade de redefinir o que está definido, apareça para fazer recuar ou dividir...

 

Data de introdução: 2006-04-05



















editorial

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