A Ribeira Grande, concelho açoriano onde a taxa de prevalência de consumo de drogas ilícitas atinge 10,9 por cento da população, dispõe a partir de hoje de um plano municipal de prevenção das toxicodependências.
Na apresentação do documento, o primeiro do género nos Açores da responsabilidade de uma autarquia, o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande alertou que o sucesso deste plano está dependente do envolvimento das entidades e instituições relacionadas com a problemática a nível municipal, regional e nacional.
"Esta não é uma matéria fácil e a autarquia não pretende ser o principal actor", afirmou Ricardo Silva, precisando que durante os próximos quatro anos serão desenvolvidas acções nas 14 freguesias do concelho com vista "à modificação e melhoria da formação e qualidade de vida da população".
Segundo um estudo do sociólogo Alberto Peixoto, citado pela autarquia, a taxa de prevalência das drogas lícitas, como o álcool (54,5 por cento) e tabaco (37,3 por cento), bem como o consumo de café (70 por cento) também são "preocupantes" na Ribeira Grande.
O documento orientador das políticas municipais de prevenção das drogas lícitas e ilícitas do concelho, dividido em sete eixos fundamentais, pretende realizar, em primeiro lugar, um "diagnóstico rigoroso" para conhecer e caracterizar o fenómeno da toxicodependência
no concelho.
Ricardo Silva referiu que o plano prevê ainda a criação de uma rede de prevenção, realização de acções de informação, formação e sensibilização, de várias actividades que promovam estilos de vida saudável, assim como a aquisição de uma unidade móvel e a criação de um centro de dia de ocupação dos jovens.
"Ainda não estão definidos os custos do plano, mas penso que serão repartidos entre o município e o Governo Regional", assegurou Ricardo Silva, acrescentando que todas as entidades parceiras do projecto estão empenhadas na sua concretização.
O presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária da Ribeira Grande, uma das entidades parceiras deste plano municipal, considerou que a falta de empenhamento social tem contribuído fortemente para o insucesso de iniciativas similares realizadas até agora na regiäo.
"Não acredito em nenhuma campanha de sensibilização", frisou o docente, adiantando, no entanto, que "pela primeira vez" vê "algo organizado" e espera "que resulte"
Eliseu Silva, que admitiu só ter conhecimento da existência de droga no exterior da escola, acrescentou que o estabelecimento de ensino tem sofrido "pressões sociais" para "não falar" de um assunto que tende a crescer, sobretudo, entre os mais jovens.
22.04.2006
Data de introdução: 2006-04-22