Uma experiência de trabalho construída com pais e não para pais, alterando o modelo habitual dos “Cursos para Pais”, que, na grande maioria dos casos, se limitam a promover sessões em que um “perito” indica aos progenitores o modo de agir com os filhos. É esta a principal mensagem deixada pelos autores do livro, Inês Pinho e Hugo Cruz. Nesta obra Pais, Uma Experiência, a educação parental é entendida como “um processo co-construído” ao longo da intervenção com os pais, no sentido de se desenvolverem e reforçarem “competências parentais que permitam um melhor e mais adequado desempenho das funções educativas”, o que possibilitou, a partir de um projecto inicial de prevenção primária das toxicodependências, desenvolver um conjunto de iniciativas de capacitação dos pais intervenientes, os protagonistas de todo o processo.
A sessão abriu com um espectáculo teatral “Retratos de Família”, onde os actores foram os pais que, durante dois anos e meio, integraram o Clube de Pais, do projecto de intervenção social “Pais XXI”, um dos raros projectos de educação parental desenvolvidos no país. O processo criativo desse espectáculo, dirigido e encenado pelo próprio autor, Hugo Cruz, é retratado num dos capítulos do livro, “Teatro e educação parental”. Nele pinta-se, num quadro simbólico, o turbilhão dos quotidianos, o barulho dos dias e das vidas na busca para reencontrar o genuíno, a espontaneidade, o verdadeiro estar com os filhos.
No prefácio da obra, Daniel Sampaio escreve que o livro não tem a pretensão de ser um manual científico, mas sim fornecer motivos de reflexão não só para os pais, mas para os técnicos que com eles trabalham, ou para aqueles que se interessam pela família. “Constitui um modelo de trabalho com os pais, sobretudo pela experiência do ‘Clube de Pais’, onde a criatividade, o suporte, a partilha e o diálogo entre as diversas famílias (tirando partido da sua heterogeneidade) se concertam numa capacidade invulgar de potenciar as competências dos diversos agregados familiares, reforçando em cada momento a sua capacidade de intervenção junto dos filhos”. Os autores salientaram que “os pais foram o motor e o motivo” de um “exercício difícil” cuja complexidade não cabe em 150 páginas, reforçando que a obra “não visa ser um manual de pais”, mas apenas “trilhar um caminho para uma educação parental segura e menos envolta no medo e na angústia”.
No final fica a certeza: não há regras que ensinem a ser pai. A paternidade é um processo criativo, que exige dos progenitores a capacidade de adaptação à evolução dos filhos. No lançamento da obra, para além dos autores e de muitos pais, estiveram presentes Daniel Sampaio e Maria Emília Costa, que prefaciaram a obra, Amadeu Albergaria, vereador da Cultura e Educação de Santa Maria da Feira e Eduardo Oliveira Costa, em representação da editora do livro – Papiro.
Os autores
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