PRESIDENTE DA UDIPSS-BRAGA EM ENTREVISTA

'Distrito tem cobertura significativa em equipamentos sociais'

A lista liderada pelo actual presidente, Manuel Antunes da Lomba, venceu as eleições para os Corpos Gerentes da UDIPSS-BRAGA para o triénio 2006-2008. Os novos Corpos Gerentes tomaram posse no passado dia 9 de Junho.
Licenciado em Direito, Manuel Antunes da Lomba exerceu grande parte da sua actividade profissional servindo a administração pública, tendo presidido aos Conselhos Directivos dos Centros Regionais da Segurança Social de Castelo Branco, Braga e Vila Real.
Actualmente reformado, mantém-se no activo, dividindo o seu tempo pelo apoio às IPSS e pelo exercício do que apelida de advocacia ocupacional.

SOLIDARIEDADE - Por que motivo decidiu continuar à frente da UDIPSS/Braga?
Manuel Antunes da Lomba
- A decisão de continuar à frente da UDIPSS-BRAGA, em boa verdade, não foi uma decisão exclusivamente pessoal: foi de todos os dirigentes que integravam os corpos directivos eleitos em 2003.
O início da União Distrital de Braga, bem como o início das demais Uniões e da própria CNIS foi, em certo sentido, um começo a partir do zero
De facto, a "confederalização" da estrutura organizativa das IPSS's traduziu-se na implementação de um novo modelo organizativo.
Afigurou-se-nos que a experiência entretanto adquirida poderia ser útil se continuássemos durante mais um mandato ao serviço das instituições de solidariedade social do distrito de Braga.
Temos todos espírito de servir, não temos, ocultos, quaisquer outros objectivos pessoais ou de grupo e continuarmos pode ser positivo até como modelo de comportamento a implementar.

SOLIDARIEDADE - Que balanço faz dos anos em que presidiu aos destinos da União, em Braga?
M. A. Lomba
- O balanço está feito por unanimidade e louvor das associadas que, em cada ano do anterior mandato, votaram o relatório de actividades apresentado.
É óbvio que, dada a modéstia dos recursos disponíveis, tanto humanos, como financeiros e técnicos, não se foi tão longe quanto se gostaria e as IPSS's precisam.
Mas, repito, com todos estes constrangimentos, bastante foi conseguido.

SOLIDARIEDADE - Quais os principais objectivos delineados para o mandato que agora se inicia?
M. A. Lomba
- Os objectivos que se delinearam para esta nova candidatura foram apresentados às associadas no Programa da candidatura em subordinação ao lema "Uma Candida-tura para Servir".
Não vou agora repeti-los. Será suficiente sintetizá-los dizendo que pretendemos:
a. Exigir respeito pela independência e autonomia das IPSS's: estamos ao serviço dos mais carenciados e marginalizados, contamos com o apoio e colaboração de todos, mas não aceitamos ingerências confessionais, ideológicas ou partidárias;
b. Representar, promover e assumir a defesa dos interesses legítimos das instituições de solidariedade.
c. Mobilizar as instituições para uma participação empenhada e intensa na vida e no trabalho da União;
d. Apostar na qualidade dos serviços prestados pelas IPSS's promovendo, apoiando e colaborando na certificação dos mesmos;
e. Desenvolver o voluntariado e mobilizar as comunidades para a causa da solidariedade.

SOLIDARIEDADE - Que dificuldades conta encontrar no desempenho do seu mandato?
M. A. Lomba
- O que mais nos preocupa e que pretendemos contrariar, é, como já deixei subentendido, o grau e a qualidade da participação das associadas na vida da União
E uma outra dificuldade é, como também já referi, a limitação dos meios de que dispomos.
Mas com imaginação, criatividade e empenho, com a celebração de parcerias e com o aproveitamento atento de todas as oportunidades, conseguiremos ir sempre um pouco mais além na realização dos nossos objectivos.

SOLIDARIEDADE - As IPSS de Braga recorrem com frequência aos serviços da UDIPSSS, ou é de opinião que recorrem poucas vezes?
M. A. Lomba
- As IPSS's de Braga recorrem bastante aos serviços da União, tanto por telefone e por escrito, como, agora, por correio electrónico.

SOLIDARIEDADE - O distrito de Braga dispõe de cobertura satisfatória de IPSS?
M. A. Lomba
- O distrito de Braga tem uma cobertura significativa em equipamentos sociais. Penso mesmo que será dos que têm uma cobertura mais equilibrada embora a evolução demográfica registada comece a impor, para além de novos equipamentos, reajustamentos e conversões de algumas valências.

SOLIDARIEDADE - Há lacunas sectoriais, ou áreas geográficas justificando uma melhor cobertura? Em caso afirmativo, pode deta-lhar quais?
M. A. Lomba
- Como já referi, a cobertura do distrito de Braga em equipamentos sociais é bastante aceitável.
Mas essa cobertura não é completa e, além disso, exige reconversões e reajustamentos.
Nos concelhos rurais e do interior, por exemplo, nota-se algum decréscimo da procura de creches e jardins de infância e, em contrapartida, os lares, os centros de dia e convívio para idosos têm listas de espera…
E a tudo isto juntou-se, agora, a problemática dos ATL.
As instituições têm experiência, pessoal devidamente preparado e competente, estão em condições de ser parceiros mas receiam ser marginalizadas e "dispensadas" de darem o seu contributo às escolas, às autarquias e às associações de pais.

SOLIDARIEDADE - O afastamento do distrito ao centro de decisões políticas (Lisboa), tem prejudicado o distrito de Braga no que reporta à solidariedade social?
M. A. Lomba
- Em 1980 o Governo iniciou um processo de descentralização nas áreas da segurança e solidariedade social.
Foram criados os centros regionais de segurança social, estruturas de âmbito distrital, dotadas de autonomia administrativa e financeira que, no exercício das competências de que dispunham, estimularam, promoveram e apoiaram as IPSS's na construção e gestão de equipamentos sociais.
Só que, em dado momento, a partir de 1993, o Governo, quiçá por carência de meios, voltou à centralização das decisões em Lisboa… E como não queria reconhecer expressamente a carência de meios reforçou a burocracia…
Hoje é quase uma odisseia conseguir-se apoio para a construção de um equipamento; hoje são tantos os serviços com competência para que um equipamento seja autorizado a funcionar que já há dirigentes a desistir e, mesmo, a demitirem-se como forma de protesto.

SOLIDARIEDADE - Como classifica as relações da UDIPSS de Braga com a Segurança Social? Há muito a alterar?
M. A. Lomba
- Trata-se de uma relação complexa.
No plano pessoal não há reparos a fazer. Mas, no plano institucional tem-se a sensação de que ainda não somos vistos como interlocutores imprescindíveis.
Aliás, aqui as IPSS's também terão alguma responsabilidade porquanto nem sempre nos dão conta das suas dificuldades na relação, seja com os serviços do CDSS, seja com os múltiplos serviços de fiscalização e inspecção.

SOLIDARIEDADE - Como se tem pautado a articulação da UDIPSS de Braga com a CNIS?
M. A. Lomba
- Na articulação com a CNIS, a UDIPSS-BRAGA tem tido, sempre, uma postura leal e franca.
Integramos o Conselho Directivo Nacional desde 2003 e, aí, sempre apresentamos sugestões, críticas e propostas cientes de que temos esse direito mas, sobretudo o dever de contribuir para a consolidação de uma estrutura representativa forte, competente e decidida na defesa dos princípios e dos objectivos que nos animam.

 

Data de introdução: 2006-07-08



















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