Os crimes associados à violência doméstica aumentaram 30% em 2006, num total de mais de 17 mil casos. De acordo com os dados constantes no relatório de segurança interna, que será hoje (29 de Março) apreciado e aprovado em Conselho de Ministros, houve mais 3287 crimes do que no ano anterior, o que corresponde a mais de nove queixas por dia. Aliás, segundo as autoridades policiais, este foi o factor responsável pelo aumento de 2% na criminalidade geral do País no ano passado. Para a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), tais números estão longe da realidade: "53% dos pedidos que nos chegaram em 2006 não tinham sido denunciados às autoridades policiais ou judiciais", garantiu Helena Sampaio, da direcção.
Em 2006, foi ainda registado um aumento significativo nas detenções por condução sob efeito de álcool e sem carta. Aliás, segundo fonte ministerial, estes dois crimes associados aos da violência doméstica são responsáveis em cerca de 90% pelo aumento da criminalidade geral. As forças de segurança registaram ainda subidas nos crimes grupal (12%) e no violento (2%), sendo que o primeiro subiu 27% na área da GNR e 8% na da PSP. Contudo, as estatísticas não permitem aferir se tal traduz mais crimes em grupo. "Apenas significa que houve um maior número de pessoas envolvidas nos actos realizados em grupo", explicaram ao DN fontes policiais.
Mas, ao todo, PSP e GNR contabilizaram no ano passado quase 400 mil crimes em todo o País, contra os cerca de 380 mil de 2005. No relatório de segurança interna são referidos 197 432 crimes na área de jurisdição da GNR e 190 mil na da PSP.
Esta tendência de subida na criminalidade geral inverte a redução (cerca de seis por cento) de 2005, mas, mesmo assim, está longe dos aumentos acentuados nos anos de 2003 e de 2004. Por isso, as autoridades policiais desvalorizam os dois por cento de aumento no crime. O argumento é o de que a sociedade não está mais insegura, "a estatística é fruto de uma acção policial mais proactiva", garantem. De referir que os crimes de proactividade (detenções que surgem por acções de patrulhamento) aumentaram 17,2% na área da PSP e cerca de 16% na GNR.
Fonte do MAI corrobora: "Os aumentos registados na criminalidade são resultado de uma acção policial mais interveniente e de uma sociedade mais denunciante. Os dados sobre violência doméstica surgem através da acção dos gabinetes de apoio à vítima nas forças de segurança."
No que toca à violência doméstica, a PSP registou mais 32% de denúncias, passando de seis mil casos, em 2005, para quase oito mil, em 2006. A GNR registou uma subida de 7%, saltando de 8377 para quase nove mil, no mesmo período, o que "traduz, inevitavelmente, maior sensibilização das populações para este tipo de crime público". Na Judiciária, estão a ser inevstigados mais de 700 casos. Segundo apurou o DN, a criminalidade violenta, que em 2006 representou só 5% do total dos crimes, aumentou 2,6% na área da GNR, de 4223, em 2005, para 4331, em 2006, e um por cento na zona da PSP - de 17 109 crimes para 17 237.
Delinquência juvenil desce
O relatório de segurança revela ainda uma descida na crime juvenil (até 16 anos), 0,9%. Este tipo de criminalidade desceu 8% na área da PSP, mas subiu 11,5% na da GNR, o que pode corresponder apenas a "uma deslocação do crime para outras áreas", segundo as autoridades. O documento, aprovado na semana passada pelo ministro António Costa e pelo Gabinete de Segurança, seguirá hoje para o Parlamento.
29.03.2007 Fonte: Diário de Notícias
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