As mulheres com mais de 60 anos, que se apresentam mais vulneráveis, facilmente manipuláveis e isoladas dos familiares, são as preferidas por muitos violadores. O alerta é deixado hoje, na Universidade do Minho, em Braga, pela investigadora Maria Francisca Rebocho, autora do estudo "Violação de Mulheres Idosas: Contributo para o Estudo do Ofensor Português". Segundo a investigadora, os violadores, com historial de alcoolismo e sem antecedentes criminais, admitiram não sentir qualquer remorso pelo crime praticado.
Para a realização da investigação, que Maria Francisca Rebocho apresenta no congresso "Amor, Sexo e Crime", foram seleccionados cinco de 38 indivíduos de um outro estudo sobre violadores a cumprir penas, em 2005 e 2006, em estabelecimentos prisionais centrais do País. Os cinco indivíduos, entre os 24 e os 54 anos, apresentavam a particularidade de preferirem vítimas com mais de 60 anos, o que representa uma prevalência de 13% nos 38 indivíduos anteriormente estudados. A investigadora alerta, por isso, para o facto de a violação de mulheres idosas ser "muitas vezes ignorada". Trata-se de uma "violação oportunista" de uma população vulnerável fisicamente, cognitiva e emocionalmente e, muitas vezes, isolada dos familiares e com um quotidiano rotineiro. As mulheres tinham entre os 43 e os 86 anos e os indivíduos mantinham com elas uma relação inexistente ou superficial. A maioria deles admitiu não sentir remorsos.
As violações ocorreram, por norma, em meio rural, em espaços familiares às vítimas e aos ofensores. Os crimes foram praticados de forma isolada, sem recursos a armas, apesar de premeditados. Um dos homens, de 54 anos, era violador em série e abusou de quatro mulheres entre os 43 e os 74 anos. O indivíduo atacava-as quando estas estavam na paragem do autocarro. Nos restantes casos, as mulheres circulavam na rua, estavam a dormir em casa ou encontravam-se cuidar de um terreno agrícola. Uma das vítimas faleceu mais tarde vítima de lesões causadas pela violação.
Os violadores, por seu turno, têm uma escolaridade reduzida, são originários de meios carenciados e têm uma vivência social e afectiva adaptada.
26.06.2007 Fonte: Diário de Notícias
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