Os adolescentes portugueses estão a fumar menos e a usar mais o preservativo do que há uns anos, mas têm mais sexo associado ao consumo de álcool e drogas, revela um estudo apresentado no 8º Congresso de Pediatria. O estudo "Estilos de vida dos adolescentes portugueses 1998-2006", realizado por uma equipa da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa, baseou-se em inquéritos a cerca de 5.000 adolescentes do 6º, 8º e 10º anos de escolaridade, com uma média de idades de 14 anos.
O trabalho, coordenado pela psicóloga Margarida de Matos, insere-se num estudo mais vasto que a Organização Mundial de Saúde (OMS) realiza de quatro em quatro anos, apoiado numa rede de profissionais ligados à saúde e educação, na Europa e outros países.
Em Portugal, de 2002 para 2006 a percentagem de jovens que experimentam tabaco baixou de de 37,1 para 32,8 por cento, embora o consumo de álcool e de drogas se tenha mantido estacionário.
O estudo revela que o uso de preservativo aumentou entre 2002 e 2006: dos jovens do 8º e 10º anos que já tiveram relações sexuais, 18,9 por cento admitiu não ter usado preservativo na última relação sexual contra 29,9 por cento em 2002.
Contudo, durante aquele período verificou-se um aumento dos jovens que afirmaram ter tido sexo porque tinham bebido álcool (de 12,1 para 14,1 por cento), mantendo-se os rapazes como os que mais frequentemente o assumem.
No que respeita à alimentação, verificou-se que os jovens portugueses estão a comer pior, quando comparados os dados de 2002 e 2006, já que diminuiu o número dos que dizem consumir pelo menos uma vez por dia fruta (de 49 para 42,7 por cento) e vegetais (de 27 para 25,1).
Segundo o presidente da Secção de Medicina do Adolescente da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), Carlos Figueiredo, os jovens têm os "conhecimentos suficientes" para não ter comportamentos de risco, embora nem sempre os implementem.
"Os comportamentos de risco existem, mas não são transversais a todos os adolescentes, a grande maioria tem consciência desses comportamentos e adopta alguns cuidados de saúde", afirmou, à margem do congresso, que está a decorrer em Vilamoura.
Segundo o também pediatra do Hospital de Viseu, uma das formas de levar os adolescentes a implementar comportamentos saudáveis passa pelos pais estabelecerem uma proximidade e os envolverem em todas as tarefas educativas que lhes digam respeito.
"É importante que os pais não tentem ser os melhores amigos dos filhos, para não confundir os papéis, mas é preciso que lhes mostrem que estão próximos, proporcionando o diálogo", observa Carlos Figueiredo.
De acordo com o pediatra, os pais de adolescentes devem inteirar-se de forma discreta da vida dos filhos, como saber quem são os seus amigos, para poderem identificar o seu comportamento.
04.10.2007
Data de introdução: 2007-10-04