Preocupados com os perigos que correm as crianças quando deixam dados pessoais em sites ou salas de conversação, um grupo de "amadores" criou um projecto inédito na Europa que será aplicado nas escolas dos 2º e 3º ciclos. A ideia de alertar os mais novos para os riscos de fornecer dados pessoais a desconhecidos surgiu exactamente há um ano na Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD).
"Os jovens de hoje vivem na era do Big Brother e do Hi5, mas desconhecem os reais perigos que há na utilização das novas tecnologias. Por isso decidimos fazer algo para que eles tivessem consciência desses riscos, para que tivesse autodeterminação", lembrou a secretária-geral da CNPD, Isabel Cruz. "Recorrendo apenas à prata da casa", aquele organismo público conseguiu tornar real um programa que está pronto a ser leccionado nas escolas públicas do 2º e 3º ciclo do continente, caso os professores se mostrem interessados.
Num ano, uma equipa de quatro pessoas que não estava a trabalhar em exclusividade para o projecto fez um "Guia de Protecção de Dados" para orientar os professores, construiu oito unidades temáticas para serem debatidas nas aulas, criou um espaço na página oficial da CNPD, um blog juvenil e até um menino virtual. Sem experiência na área pedagógica, uma assessora de imprensa, um jornalista, um gráfico e um informático construíram o projecto que tem como mascote um menino que vive na CNPD, o Dadus.
O Dadus (diminutivo de Eduardo) foi concebido com o cuidado de não ser identificado com nenhuma tribo juvenil em concreto para não afastar as outras. O menino tem um blog na internet (http://dadus.blogs.sapo.pt), onde fala com os mais novos mas também com os professores, "no fundo serve de ponte entre a comissão e os alunos e professores".
Por detrás do Dadus está um jornalista/escritor: António Costa Santos, escolhido pelo "bom-humor e capacidade de se conseguir transformar numa criança", lembrou sorridente Isabel Cruz, acrescentando que a equipa tem pessoas entre os 30 e os 60 anos. Apesar da notória satisfação por participar num projecto "que não há igual em toda a Europa", Isabel Cruz reconhece que houve muito trabalho e esforço por parte de quem o tornou realidade. Isabel Cruz explica que "2008 será o ano zero do programa, porque só vai ser lançado agora, quase a meio do ano lectivo. Por isso o programa só deverá arrancar em força em 2009".
Este programa surge de um protocolo celebrado com o Ministério da Educação que termina no início do próximo ano. No entanto, Isabel Cruz está confiante que o projecto veio para ficar e são já muitas as ideias para tornar mais sedutor o projecto, graças ao trabalho de equipa.
28.01.2008
Data de introdução: 2008-01-28