Em 2007, a criminalidade violenta e grave diminuiu cerca de dez por cento, relativamente a 2006. Dos items que integram este tipo de crime - como roubos na via pública, por esticão, a bancos e estação dos CTT - o dos homicídios foi dos que registou uma das reduções mais acentuadas, cerca de 30% comparativamente ao ano anterior. Ou seja, 2006 terminou com 194 casos e 2007 com 135, sendo este um dos anos desde o início de 2000 com menos homicídios. Os níveis de criminalidade geral em 2007 mantiveram-se quase inalteráveis comparativamente a 2006, apenas com aumentos percentuais entre os 0,1 e 0,2%. Os crimes praticados por menores de 16 anos diminuíram em cerca de dez por cento e a criminalidade grupal também desceu. Estes são alguns dados do relatório de Segurança Interna, que deverá ser apresentado em Abril na Assembleia da República (AR).
O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, anuncia hoje a estratégia de segurança para 2008, da qual fazem parte "medidas com vista à prevenção e combate à criminalidade". De acordo com o que apurou o DN, o documento estava a ser preparado para ser apresentado até ao final do mês. No entanto, os incidentes dos últimos dias determinaram uma antecipação ao calendário inicialmente definido pela tutela. O objectivo é "atenuar o sentimento de insegurança que possa estar a surgir na sociedade", o que, para as várias forças de segurança e até analistas criminais, não reflecte a realidade portuguesa sobretudo quando comparada com a de outros países da UE.
"Não há um aumento da criminalidade. Esta tem picos ao longo do ano. O mês de Janeiro foi calmo, até relativamente ao mês de Dezembro, os últimos dias de Fevereiro e os primeiros de Março é que estão a ser atípicos, embora os crimes cometidos neste período sejam diferentes uns dos outros e sem qualquer ligação entre si", argumentou ao DN o responsável pelo Gabinete Coordenador de Segurança (GCS), que esteve ontem reunido com todas as forças de segurança para ultimar o relatório de segurança interna de 2007, que deverá ser apresentado ao ministro Rui Pereira até ao final do mês e entregue à AR no início de Abril. De acordo com o que apurámos, nesta reunião foram debatidos os dados referentes a 2007 e avaliados os últimos incidentes nas áreas da Grande Lisboa e Porto. "A PSP abordou a questão do policiamento das áreas em causa e a PJ deu conta de todas as diligências que estão a ser tomadas relativamente à investigação dos vários crimes", explicou Leonel de Carvalho.
O responsável pelo GCS referiu ao DN que as polícias estão atentas e estão a funcionar, sublinhando, mais uma vez: "Os dados não revelam um aumento da crime no nosso País. Aliás, no que toca aos homicídios 2007 é dos anos com menos casos". Em 2006, registou um aumento de cerca de 20,5%, de 133, em 2005, para 194 casos. Relativamente ao relatório de segurança interna de 2007 Leonel de Carvalho apenas chama a atenção para duas excepções à redução da criminalidade, referindo-se à violência doméstica e ao crime rodoviário. Segundo explicou, "estes continuam a registar aumentos, não porque haja mais pessoas a cometer este tipo de crime, mas porque há mais a participar a sua ocorrência, no caso da violência doméstica, e maior pro-actividade policial na área do trânsito". Recorde-se que em 2006 a violência doméstica registou um aumento acima dos 30%.
O ministro da Justiça, Alberto Costa, reafirmou ontem a sua confiança na PJ na investigação dos crimes dos últimos dias e rejeitou a ideia de menor eficácia no combate à criminalidade. Tanto mais que o número de processos prontos para acusação em 2007 é o maior de sempre.
05.03.2008 Fonte: Diário de Notícias
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