Os últimos 15 dias têm trazido para a comunicação social e para o debate/combate político o recorrente tema da pobreza.
Foi constrangedora a forma como a classe política, no governo e nas oposições, abordou este drama humana que afasta tanta gente do acesso a uma vida compatível com a dignidade humana e mais elementares direitos de cidadania.
É uma vergonha a utilização já estafada das estatísticas, que servem sempre para todos os gostos! Como é possível que pessoas com responsabilidades políticas tenham de fazer grosseiras manipulações políticas para explicar aquilo que está à vista sem precisarmos de estatísticas nenhumas: há muito tempo que o país acusa as consequências de um projecto político de modelo de desenvolvimento que está errado.
Porquê? Porque promove desigualdades sociais, é gerador de pobrezas em relação a pessoas, famílias, regiões do país!
Em Abril foi-nos prometido um “D” que anunciava DESENVOLVIMENTO. Fomos esperando por novos ciclos políticos e económicos que conduzissem Portugal para um patamar de bem-estar económico e desenvolvimento social.
DESENVOLVIMENTO foi uma promessa não cumprida da revolução de Abril. E o povo agora pede contas a todos os que nos têm desgovernado!
Anda por aí uma nova esperança, a última oportunidade para acertarmos o passo com a Europa: o QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional). Nome lindo!
A Europa concedeu-nos o crédito de uns largos milhões de milhões de euros para até 2013 mostrarmos o que valemos!
Já começámos mal: as verbas destes fundos comunitárias já deveriam ter estado disponíveis para projectos de desenvolvimento estratégico, a partir de 1 de Janeiro de 2007!
Estamos em Junho de 2008 e a burocracia que enreda as candidaturas a estes apoios financeiros dá a perceber que, para manter o défice controlado, a ideia é ir ganhando tempo para fugir à comparticipação nacional que as candidaturas significam, privilegiando-se o “défice” ao “investimento em desenvolvimento”.
A correr bem, só lá para Janeiro de 2009 (altura em que, por acaso se começam a preparar eleições) é que as candidaturas devem começar a ser aprovadas!
Estamos cá para ver! Porém, é mais que muito o “denso nevoeiro” que ameaça a transparência e rigor que deveriam acompanhar este instrumento chamado QREN.
Bom será que a classe política e empresarial aceite este desafio do QREN como um cheque-mate à sua sobrevivência!
AGORA OU NUNCA!
Data de introdução: 2008-06-04