CENTRO DE INFÂNCIA, VELHICE E ACÇÃO SOCIAL, MATOSINHOS

Sempre a crescer para dar respostas aos problemas sociais

A história da instituição remonta à década de 80 quando um movimento de cidadãos da vila da Senhora da Hora, em Matosinhos, resolveu lançar-se num projecto de apoio à infância. Na época existia uma infra-estrutura de carácter informal da responsabilidade da junta de freguesia, à qual era necessário dar um sentido institucional. O Centro de Infância, Velhice e Acção Social (CIVAS) nasceu para dar resposta a essa exigência.

Logo no ano seguinte à fundação, em Janeiro de 1983, o CIVAS ampliou a resposta à infância de 80 para 150 crianças e, em Maio de 85, iniciou a primeira acção orientada para a terceira idade, instalando uma secção de actividades de convívio para um núcleo de 40 utentes.

Funcionaram em vários espaços: nas instalações de uma quinta agrária, perto da estrada da Circunvalação, e numa antiga escola do primeiro ciclo, cedida pela câmara municipal. “Desde cedo que quisemos avançar para instalações e actividades mais cuidadas, mas não é fácil conseguir o terreno. Quando a câmara adquire este palacete surge a oportunidade de nos mudarmos para cá”, explica Guilherme Vilaverde, presidente e fundador da instituição. “O edifício estava em muito mau estado e precisava de obras de vulto, de reconstrução e de diversas adaptações, bem como a construção de equipamentos adicionais, e nós procuramos apoio para isso”. A mudança de instalações deu-se em Dezembro de 1995, ficando o novo espaço adaptado à terceira idade com as valências de centro de convívio, centro de dia e apoio domiciliário, na vertente convencional e integrado, num total de 200 utentes.

O apoio domiciliário integrado existe desde 2001 e está destinado a pessoas que não tenham autonomia e necessitem de cuidados médicos e de enfermagem permanentes, como, por exemplo, doentes oncológicos, com Alzheimer ou Parkinson. Aos idosos, a instituição oferece apoio social, psicológico, estímulo das relações interpessoais, evitando situações de isolamento durante o dia, colmatando a ausência de retaguarda familiar e retardando o processo de envelhecimento, sendo uma alternativa à institucionalização em lar. Luísa Pereira é directora técnica na área da terceira idade e está a trabalhar no CIVAS há 13 anos. “É um trabalho muito polivalente e exigente. Tanto faço trabalho de atendimento em gabinete, como participo em reuniões camarárias no âmbito da Rede Social, por exemplo, reuniões no centro de saúde, faço serviços externos, muitos deles não previstos e aos quais é preciso atender de imediato”, explica. “Estamos a lidar com uma população vulnerável e temos de ter uma disponibilidade enorme, uma grande flexibilidade mental e muita tolerância aos problemas sociais, que são cada vez mais complexos e que exigem actuações complementares e de equipas multidisciplinares”.

Para a técnica a maior compensação é a afectividade devolvida pelos utentes, mas que também revela a falta de atenção das famílias. “No nosso centro de dia, temos utentes que não querem ir embora ao fim de semana e isso custa-me muito. Sentimos que há várias pessoas que têm mais carinho da nossa parte do que das suas famílias”.

Na área da infância dispõem das valências de creche, jardim-de-infância e creche familiar, com um serviço de amas credenciadas pelo Instituto de Segurança Social, que acolhem crianças nas suas residências, num total de cerca de 190 crianças. “O CIVAS empenhou-se muito mais do que a parte pedagógica e hoje orgulhamo-nos de ter um ambiente familiar”, explica Luísa Pereira. “Temos crianças de classes sociais diversificadas, o que é bom para que as crianças percebam que a sociedade não é homogénea”.

O painel de actividades é bastante diversificado em ambas as áreas de actuação, desde a participação em grupos de dança, cantares, caminhadas, visitas recreativas, colónias balneares, ginástica de reabilitação, atelier de trabalhos manuais, inglês, hidroginástica, etc. A instituição fomenta o encontro inter-geracional com a organização de actividades conjuntas. “Não é muito fácil em termos de logística juntar as crianças e os idosos, mas tentamos promover várias actividades em conjunto, não só com as nossas crianças, mas também com outras escolas da vizinhança que nos visitam”, refere a técnica.

Este mês, a instituição tem prevista a abertura de um lar residencial, destinado a 50 idosos. Um sonho antigo que se concretiza após 27 anos de trabalho na solidariedade social. “Há cinco anos, a ideia de criação de uma estrutura de acolhimento pleno ganha forma através de um protocolo com a cooperativa de habitação “Sete Bicas”, uma âncora a nível nacional do sistema de cooperativas”, explica o presidente. Existem dirigentes comuns a ambas as instituições, que actuam na mesma área geográfica. A Cooperativa disponibilizou o terreno, em parceria com a autarquia, e foi responsável pela construção da infra-estrutura. Ao CIVAS cabe gerir o lar e, com os apoios da Segurança Social, vai pagar o custo das obras ficando titular do equipamento. “Neste momento estamos perante o fecho de um ciclo. A instituição faz 27 anos e uma vez conseguida esta meta de sucesso de instalação do nosso lar, está na altura de fazer um balanço do percurso que fizemos até aqui”, diz o presidente. “Temos uma grande expressão no concelho e entre todas as áreas de actuação servimos cerca de 500 famílias, sendo uma das maiores instituições de Matosinhos”.

A necessidade do lar era bem visível, na opinião de Luísa Pereira, e vários utentes do centro de dia já estão encaminhados para lá. “Há situações sociais que não têm retaguarda familiar e situações de doença que exigem um acompanhamento permanente. Agora vamos poder dar resposta a essas pessoas, aliás um pedido de muitos dos nossos utentes”. Com uma arquitectura moderna e funcional, baseada na poupança de energia, o equipamento dispõe de 50 camas em 30 quartos distribuídos por três pisos totalmente adaptados às necessidades dos idosos, além de preencher uma lacuna no sector, atendendo a que não há equipamentos do género nas freguesias vizinhas.

Quanto ao equilíbrio financeiro da instituição, o presidente diz que apesar de não terem dinheiro também não devem nada a ninguém, o que exige “muito rigor” nas contas. “Temos conseguido olhar com um rigor muito objectivo para a qualidade dos recursos que temos, além de que temos conseguido parceiros que reforçam esses meios e nunca tivemos ao longo destes 27 anos de existência instabilidade financeira”. A instituição recebe os apoios dos protocolos celebrados com a Segurança Social, bem como alguns apoios da câmara de Matosinhos. Guilherme Vilaverde refere ainda que a área geográfica onde estão inseridos também ajuda a manter este equilíbrio, uma vez que predomina a classe média. “Muitas vezes na gestão do social há a ideia de que cada um dá o que pode, mas não é bem assim. Por exemplo, se temos um pai que vem deixar a criança ao infantário e que quer que ela pague o mínimo, mas vem de BMW, temos que ser coerentes e criteriosos na nossa avaliação”, argumenta o dirigente.

Para o presidente “educar” a população para uma comparticipação justa é também um “dever” das instituições particulares de solidariedade social.
O CIVAS está também em processo de certificação das valências, sendo que durante este ano pretendem ter todas as áreas certificadas. “O processo de certificação é reconhecer que o modelo está apto e pode ser credenciado e nós estamos a trabalhar para isso”, diz o presidente, para quem o lema tem sido desde a fundação “desenvolver uma instituição sustentável e que seja uma referência de bem-fazer”.

 

Data de introdução: 2009-01-09



















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