Numa fiscalização em 67 hospitais, a Inspecção-Geral da Saúde detectou, que nos últimos dois anos, a maioria dos acidentes ocorreu na zona de internamento. Uma das principais causas é a falta de grades nas camas. Presidente dos administradores hospitalares diz ser urgente tomar medidas.
Em apenas 25 meses, os hospitais portugueses registaram 4200 acidentes relacionados com a queda de doentes de macas ou de camas. Os dados são relativos aos anos 2006, 2007 e a Janeiro de 2008 e constam de um relatório da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS), a que o DN teve acesso e que está já nas mãos da ministra da Saúde, Ana Jorge.
Em 85 daquelas situações, os doentes acabaram por falecer, embora não tenha sido demonstrado "em todos os casos, o nexo causal entre o acidente e a morte". Em 29 casos, foram originados processos de natureza disciplinar.
Pedro Lopes, da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, disse o DN que o número de quedas é significativo, admitindo que tem de se "tomar medidas para tornar os hospitais mais seguros".
Os dados fazem parte do relatório "Acidentes com macas e camas nos estabelecimentos hospitalares, envolvendo queda de doentes", da IGAS. O documento teve por objectivo identificar o número de acidentes, conhecer as medidas implementadas pelos hospitais e motivar a sua correcta monitorização e prevenção. Na verdade, e segundo o documento, "foram as unidades que sinalizaram maior número de quedas que implementaram estratégias para tornar o hospital mais seguro".
A acção foi feita com base nos registos de 67 unidades do Serviço Nacional de Saúde - sendo que 11 não dispunham de dados sobre quedas. No entanto, nas 56 que os registaram permitiram concluir que apenas 2% destes acidentes ocorrem na urgência, a que se juntam outros 2% em local indeterminado. A maioria das situações (4022) ocorrem nas restantes áreas, sobretudo no internamento. A IGAS incluiu no total de acidentes as quedas nas casas de banho, cadeirões, cadeiras de rodas e em pisos escorregadios.
O equipamento, tal como refere o relatório, não é o único factor que pode impedir incidentes, mas é essencial. O uso de camas e macas com grades tem de ser mais generalizado. Em Janeiro de 2008, 13% das macas em 65 unidades do SNS (415) não tinham grades laterais.
O problema maior está nas camas, mais usadas no internamento. Ainda há 8200 camas sem grades laterais, o que corresponde a 33% do total nestes hospitais. Em 2007, 71% dos hospitais tinham ainda macas sem grades e 80% continuavam, a dispor de camas sem protecção. Deve salientar-se, porém, que os hospitais têm feito um esforço para aumentar o número de estruturas com protecção.
Recomendações
Sendo as quedas um dos maiores factores de mortalidade e morbilidade em idosos -há 40 mil mortes/ano devido a quedas na UE-, a IGAS recomenda aos hospitais que tornem a prevenção numa prioridade. É preciso monitorizar, auditar e criar condições de segurança, como cintos nas cadeiras de rodas, pegas nas casas de banho ou corrimãos nos corredores, bem como cumprir as normas de imobilização de doentes nas camas e macas. O trabalho, realizado à margem do plano de actividades da IGAS, surgiu depois do caso que envolveu a morte de um doente após a queda de uma maca no Hospital de Aveiro.
Fonte: DN
Data de introdução: 2009-01-31