O ministro do Trabalho e da Solidariedade Social negou que a percentagem paga aos pensionistas portugueses dentro de 40 anos fique abaixo da média da União Europeia e afirmou que é um erro comparar salários brutos com pensões. Vieira da Silva reagia assim a uma notícia do jornal Público que dá conta de um relatório da Comissão Europeia sobre inclusão social segundo o qual Portugal terá, em 2046, o maior corte médio de pensões de reforma da União Europeia.
O relatório conclui que em 2046 a pensão, antes de impostos, de quem recebeu um salário médio e descontou durante 40 anos baixará de 70 para 50 por cento do último salário bruto. "Não é correcto do ponto de vista da realidade da vida das pessoas comparar os salários brutos com as pensões", sublinhou o governante, à margem de um seminário europeu sobre o Rendimento Social de Inserção.
Vieira da Silva garantiu que, daqui a 40 anos, Portugal estará "como os outros países europeus, a pagar percentagens idênticas às dos outros países". "Há uma forma de calcular a eficácia dos sistemas de pensões que é calcular a relação entre a primeira pensão que se tem e o último salário que se teve em termos líquidos. Essa taxa de substituição é muito próxima da União Europeia", explicou.
Entre os "ganhos" incluem-se por exemplo os 11 por cento que são descontados pelos trabalhadores para a segurança social e que deixam de existir na reforma, adiantou Vieira da Silva, admitindo que "as pessoas que se reformarem vão ter menos dinheiro, naturalmente".
O ministro lembrou que as reformas do sistema de pensões foram feitas porque Portugal enfrentava "uma situação de alto risco" quanto à sustentabilidade do sistema e as projecções da segurança social apontavam para um défice num prazo "não muito longo".
"Foram introduzidas as mudanças necessárias", reiterou o responsável da tutela do Trabalho, apontando entre a principal vantagem a flexibilidade de um sistema "que se vai adaptando".
Questionado sobre o aumento do número de beneficiários do RSI (mais três famílias desde o início do ano), Vieira da Silva desvalorizou esta subida, assegurando que serão apoiadas todas as famílias que tiverem necessidade desta prestação social.
No entanto, assegurou, os valores não deverão subir significativamente: "Estes valores não têm oscilado muito em função do ciclo económico. Pode ser um bocadinho pior quando é mais difícil e um bocadinho melhor quando é mais fácil".
Data de introdução: 2009-03-16