O Papa Bento XVI elogiou as potencialidades das novas tecnologias no relacionamento pessoal e no acesso ao conhecimento, mas alertou para os perigos da utilização indevida de um mundo digital que, para os adultos, "muitas vezes parece estranho". "Estas tecnologias são um verdadeiro dom para a humanidade: por isso devemos fazer com que as vantagens que oferecem sejam postas ao serviço de todos os seres humanos e de todas as comunidades, sobretudo de quem está necessitado e é vulnerável", acentua Bento XVI na mensagem para o 42º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se celebra domingo em todo o mundo católico.
Esta efeméride, a única celebração mundial decidida pelo Concílio Vaticano II, ocorre a 24 de Maio, mas a mensagem é divulgada a 24 de Janeiro, dia de São Francisco de Sales, padroeiro das Comunicações Sociais.
Num apelo aos jovens católicos, Bento XVI exortou-os a transpor para o mundo digital o testemunho da sua fé, apelando a que levem o Evangelho a este "continente digital". "Sabei assumir com entusiasmo o anúncio do Evangelho aos vossos coetâneos! Conheceis os seus medos e as suas esperanças, os seus entusiasmos e as suas desilusões: o dom mais precioso que lhes podeis oferecer é partilhar com eles a boa nova de um Deus que Se fez homem, sofreu, morreu e ressuscitou para salvar a humanidade", sublinhou.
O Papa destacou a evolução tecnológica e facilidade do acesso a telemóveis e computadores, proporcionando uma forma instantânea de contacto e partilha de informação, rapidamente apreendida, sobretudo pelos jovens, gerando uma nova cultura de comunicação, recheada de benefícios.
"As famílias podem permanecer em contacto apesar de separadas por enormes distâncias, os estudantes e os investigadores têm um acesso mais fácil e imediato aos documentos, às fontes e às descobertas científicas e podem por conseguinte trabalhar em equipa a partir de lugares diversos; além disso a natureza interactiva dos novos media facilita formas mais dinâmicas de aprendizagem e comunicação que contribuem para o progresso social", afirmou.
No entanto, assinalou que quem produz e difunde conteúdos para estas novas plataformas deve sentir-se obrigado ao respeito da dignidade e do valor da pessoa humana. "Se as novas tecnologias devem servir o bem dos indivíduos e da sociedade, então aqueles que as usam devem evitar a partilha de palavras e imagens degradantes para o ser humano e, consequentemente, excluir aquilo que alimenta o ódio e a intolerância, envilece a beleza e a intimidade da sexualidade humana, explora os débeis e os inermes", alertou.
O ciberespaço, ou "nova arena digital", como lhe chamou, permite "encontrar-se e conhecer os valores e as tradições alheias", mas para isso é fundamental ter "formas honestas e correctas de expressão".
Bento XVI acrescentou ainda que as redes sociais digitais relançaram o conceito de amizade, "uma das conquistas mais nobres da cultura humana", pois é através delas que o ser humano cresce e se desenvolve, apelando a que não se banalize este conceito.
"Seria triste se o nosso desejo de sustentar e desenvolver on-line as amizades fosse realizado à custa da nossa disponibilidade para a família, para os vizinhos e para aqueles que encontramos na realidade do dia-a-dia, no lugar de trabalho, na escola, nos tempos livres. De facto, quando o desejo de ligação virtual se torna obsessivo, a consequência é que a pessoa se isola, interrompendo a interacção social real", sublinhou.
Saudou o aparecimento de redes sociais digitais que "procuram promover a solidariedade humana, a paz e a justiça, os direitos humanos e o respeito pela vida e o bem da criação", mas ressalvou que é essencial tornar os novos instrumentos de comunicação acessíveis a todos, sobretudo aos que já são "económica e socialmente marginalizados".
Data de introdução: 2009-05-21