Casos graves podem atingir os 10 mil durante o pico da pandemia, diz o director-geral da Saúde. Um milhão de portugueses será infectado com o vírus da gripe A no pico da pandemia, sendo que 10 mil serão doentes graves, disse, ontem, terça-feira, o director-geral da Saúde na conferência "Informar para Agir", realizada na Gulbenkian.
Segundo a ministra da Saúde, estão previstas seis milhões de doses de vacinas para Portugal, embora seja ainda desconhecida a percentagem que vai efectivamente chegar até ao final do ano.
"Vai chegar por lotes, progressivamente, a partir de meados de Setembro", disse, ontem, Ana Jorge durante a conferência sobre gripe A organizada pela TSF "Informar para agir", que decorreu na Fundação Gulbenkian.
A governante revelou perante uma plateia de mais de três centenas de participantes que o início da vacinação não vai corresponder à chegada dos lotes. "Vamos esperar pelos resultados dos estudos da Agência Europeia do Medicamento sobre efeitos secundários para iniciarmos a vacinação", referiu.
Antes, o responsável pela unidade de doenças infecciosas da Organização Mundial de Saúde (OMS), David Mercer, defendera que os países devem "tomar decisões" porque "não vai haver produção de vacinas que chegue para todos, pelo que vai ser necessário definir que grupos devem ou não ser vacinados".
Além disso, acrescentou, "cada país deverá adoptar uma metodologia de vacinação de acordo com a sua epidemiologia e objectivos de prevenção". Os grupos prioritários no plano de vacinação são os trabalhadores ligados à área da Saúde, as grávidas e as pessoas com doenças crónicas.
Com a entrada numa nova fase da pandemia da gripe A, as acções de informação centram-se agora na mensagem de criação de hábitos de prevenção a nível familiar, empresarial e nos locais públicos.
A difusão de uma cultura preventiva e higiénica é considerada essencial para adiar a propagação do vírus, sublinhou o presidente da Escola Nacional de Saúde Pública, Constantino Sakellarides. Na mesma linha falou o director-geral da Saúde, Francisco George, que destacou que "não se sabe ao certo quando vai ser, mas há-de chegar o dia em que todos estaremos expostos ao H1N1".
No pico da pandemia, um milhão de portugueses poderá ser infectado. Segundo a sua estimativa, "um por cento desses casos serão graves e um por cento num milhão de doentes são 10 mil casos graves. "Estamos perante um fenómeno que pode ter pouca expressão em termos de taxas percentuais, mas que em números absolutos impõe um stress grande às unidades de saúde", realçou Francisco George.
Dirigente da CIP teme efeitos catastróficos nas empresas
O director da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), Gregório Rocha Novo, advertiu ontem para os "efeitos catastróficos" da propagação do vírus da gripe A nas empresas. No pico da pandemia a taxa de absentismo poderá rondar os 35% da população trabalhadora, afirmou, ou seja, cerca de 2,1 milhões de portugueses, e poderá verificar-se uma redução de 0,3 a 0,45% do PIB (entre 490 e 740 milhões de euros). O dirigente lamentou que o Governo não tenha contemplado as situações de "quarentena" e as de "suspensão da actividade da empresa por inexistência de trabalhadores que assegurem as tarefas" no conjunto de situações suportadas pelo Estado. Recordando que em Julho passado o Governo e os parceiros sociais chegaram a acordo para fazer face às situações de baixa de trabalho, "tendo-se consensualizado todas as situações possíveis", o dirigente afirmou que "ontem foi mandado para publicação o despacho que não contempla tudo o que foi acordado". Para o representante da CIP, "as empresas mais pequenas serão as mais afectadas porque o risco de contágio simultâneo pode ser maior". I.T.M.
Fonte: Jornal de Notícias
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