DADOS DO INE

Desemprego em Portugal afecta mais os estrangeiros

A crise no desemprego penaliza mais os estrangeiros. Pelo menos, o número de desempregados estrangeiros registados nos centros de emprego está a crescer a um ritmo mais acelerado do que o número total de desempregados.

Segundo os dados facultados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional, o número de desempregados estrangeiros registados passou de 19 mil pessoas em Julho de 2008 para 32 mil no mesmo mês de 2009. Essa variação homóloga de 69 por cento corresponde a mais do dobro da verificada para a totalidade dos trabalhadores desempregados em Portugal e inscritos nos centros de emprego - 30 por cento.

E esse crescimento mais acelerado tem consequências. Se, nos primeiros sete meses de 2008, o peso médio de estrangeiros entre os desempregados registados era de 5,1 por cento, um ano depois já era 6,4 por cento.

Os dados oficiais do INE confirmam esta tendência. No terceiro trimestre de 2008, a taxa de desemprego entre estrangeiros (total de desempregados estrangeiros entre os activos estrangeiros) era de 9 por cento, já acima da taxa de desemprego do total da população activa. Desde aí, quase duplicou. A taxa de desemprego saltou para os 17,2 por cento

Olhando para a subida dos desempregados estrangeiros face ao crescimento do desemprego total, a linha revela que o desemprego entre os estrangeiros começou há cerca de um ano, ou seja, alguns meses antes do afastamento de trabalhadores nacionais. E espalhou-se mais rapidamente. Em Janeiro de 2009, já estava a subir 37 por cento face ao mesmo período de 2008. Em Fevereiro, cresceu 48 por cento. Em Março saltou 60 por cento face ao mesmo período de 2008 e em Abril atingiu o valor mais alto - 69 por cento. A partir daí, o crescimento parece ter estabilizado. Tal como parece ter acontecido aos valores do desemprego global registado nos centros de emprego.

Esta aparente estabilidade verifica-se, contudo, no primeiro mês de Verão, em que costuma crescer o emprego sazonal. Os responsáveis governamentais têm assinalado essa estabilidade no crescimento do desemprego registado que coincide com o momento em que Portugal saiu da recessão técnica. Um discurso que poderá ser demasiado optimista.

Por um lado, a saída da recessão técnica por Portugal deu-se porque a crise afundou de tal maneira a procura interna que fez recuar as importações de bens de consumo e de investimento. E como as importações pesam mais no cômputo do PIB do que as exportações, essa quebra das importações resultou numa contribuição positiva das contas externas para o crescimento do PIB. Em segundo lugar, o desemprego registado tende a crescer nos dois anos seguintes à saída da recessão, o que faz esperar uma subida do desemprego pelo menos até 2011. E com essa subida, é de prever uma subida igual entre os estrangeiros.

Para já, o desemprego está a tocar todas as comunidades. Mas há diferenças. Em primeiro lugar, o desemprego começou a crescer mais entre os imigrantes da América, mas nos últimos meses parece ter abrandado, a ponto dos europeus do Leste terem superado os americanos. Em sete meses, a subida homóloga do desemprego entre os europeus do Leste passou de 33 por cento para 75 por cento. Quase tanto como entre os africanos, que passaram de uma subida de 20 por cento em Janeiro para 50 por cento em Julho passado.

Mas, em segundo lugar, os números globais revelam outra situação. O desemprego tem crescido mais entre os imigrantes africanos do que entre os europeus ou americanos. Em sete meses, os africanos passaram de 33,8 por cento do total de desempregados estrangeiros para 36,1 por cento. Em compensação, a comunidade desempregada do Leste europeu desceu de 22,4 para 20,3 por cento e a americana de 29,7 para 28,7 por cento. Em quarto lugar, mais afastados, vêm os europeus da União, com 11 por cento.

Por países, a concentração é bem maior. O Brasil é o país com maior número de desempregados (27,5 por cento do total de desemprego estrangeiro). A segunda maior comunidade vem da Ucrânia (14 por cento). A terceira de Cabo Verde (11 por cento) e a quarta de Angola (outros 11 por cento). Só estes quatro países abrangem dois terços do desemprego estrangeiro.

Se, na Europa, Portugal atrai pessoas do Leste europeu, há imigrantes vindos igualmente da União Europeia que caem no desemprego. O maior grupo vem de Espanha (414 pessoas entre os 3,6 mil pessoas desempregadas), França (311 pessoas), Reino Unido (223 pessoas). E vai diminuindo o número até chegar a um único desempregado da Eslovénia ou do Luxemburgo.

Fonte: Público

 

Data de introdução: 2009-09-02



















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