DOENTES TERMINAIS

Vontade de morrer em casa esbarra com falta de meios das famílias

Para muitos doentes terminais, morrer em casa é uma “ambição” que esbarra com a renitência e falta de capacidade das famílias para acolher quem precisa de cuidados caros e complicados, segundo disseram à Lusa responsáveis do sector da solidariedade.

O presidente da União de Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos, referiu que “morrer em casa é uma ambição para muita gente”, mas “às vezes os familiares acham, e bem, que se estiverem no hospital as pessoas duram mais tempo e preferem colocá-las lá”.

“A realidade é que é muito difícil ver um ente querido a definhar. O ideal seria poder colocá-los em unidades sem a frieza e a tecnicidade de um hospital”, sustentou, defendendo uma solução de “equilíbrio”.

“Se as unidades de cuidados paliativos forem colocadas junto das comunidades, numa lógica de proximidade, isso será muito bem feito”, disse Manuel Lemos, afirmando que as misericórdias são as mais capacitadas para as receber, embora até agora se assista a uma “concentração” daquelas unidades nos hospitais públicos.

“É capaz de ser um bom equilíbrio, as pessoas têm cuidados de saúde e continuam próximas dos seus familiares”, argumentou.

Quanto ao presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, o padre Lino Maia disse à Lusa que é “compreensível” a vontade de um doente terminal de morrer em casa, mas “ao mesmo tempo as famílias têm dificuldade em acolhê-lo”.

“As famílias sentem-se impotentes, porque os doentes precisam de cuidados 24 horas por dia, precisam de tempo, meios especiais que muitas vezes são demasiado caros”, afirmou, destacando também a necessidade de uma “rede de cuidados e apoio a doentes terminais”.

“Penso que não é uma vontade recente. Quando percebem que chegou o fim dos seus dias, as pessoas quase todas pedem para morrer em casa, porque a associam aos seus afectos e a solidão num momento terminal torna-se ainda mais compungente”, frisou.

Morrer no hospital pode ser “uma morte solitária no meio de muita gente, onde se está aglomerado, muitas vezes sem espaço para exprimir a dor sem incomodar os outros”, apontou.

Quanto aos hospitais, Lino Maia afirmou compreender que “procurem canalizar os doentes terminais para suas casas, porque é também a vontade das pessoas”.

Para o sacerdote, “os hospitais vão mostrando que entendem que ali só devem estar pessoas que podem ser tratadas com alguma esperança, ao contrário das situações em que não há mais nada a fazer a não ser cuidados paliativos”.

“Ao terminar os seus dias no meio daquilo que se criou e entre quem se amou, a pessoa sente-se livre e aconchegada”, rematou.

Fonte: Público

 

Data de introdução: 2009-11-02



















editorial

VIVÊNCIAS DA SEXUALIDADE, AFETOS E RELAÇÕES DE INTIMIDADE (O caso das pessoas com deficiência apoiadas pelas IPSS)

Como todas as outras, a pessoa com deficiência deve poder aceder, querendo, a uma expressão e vivência da sexualidade que contribua para a sua saúde física e psicológica e para o seu sentido de realização pessoal. A CNIS...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Que as IPSS celebrem a sério o Natal
Já as avenidas e ruas das nossas cidades, vilas e aldeias se adornaram com lâmpadas de várias cores que desenham figuras alusivas à época natalícia, tornando as...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Adolf Ratzka, a poliomielite e a vida independente
Os mais novos não conhecerão, e por isso não temerão, a poliomelite, mas os da minha geração conhecem-na. Tivemos vizinhos, conhecidos e amigos que viveram toda a...