Nenhuma creche do distrito do Porto é boa ou excelente. Um estudo da Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto revela que 61% das salas têm falhas ao nível das condições de higiene e de segurança, com materiais perigosos ao alcance das crianças.
Existem, em certas instituições, "alfinetes ou pionés colocados em locais acessíveis às crianças, arestas agressivas no interior ou no exterior, tomadas eléctricas sem protecção, radiadores ou aquecedores não protegidos, ou colchões da mesa de muda de fraldas sem segurança", descreveram, ao JN, Sílvia Barros e Cecília Aguiar, autoras do trabalho publicado na revista "Early Childhood Research Quartely".
Ainda assim, as limitações mais importantes relacionam-se com os cuidados de saúde e procedimentos de higiene a ter com crianças entre um e os três anos.
"Por exemplo, havia falhas importantes na lavagem das mãos antes das refeições e depois da muda de fraldas ou das idas à casa de banho, na limpeza do nariz das crianças, na lavagem dos brinquedos e outros materiais", sublinharam as investigadoras.
Os dados foram recolhidos entre Setembro de 2004 e Outubro de 2005, tendo sido seleccionadas 80 creches de instituições particulares de solidariedade social (IPSS) e o mesmo número de estabelecimentos com fins lucrativos. A participação no estudo só foi aceite mediante a confidencialidade do nome das creches.
Outra das conclusões do estudo especifica que nos aspectos relacionados com as instalações e com as condições proporcionadas aos profissionais e aos pais, "as salas de IPSS apresentam resultados melhores do que as das instituições com fins lucrativos".
Seja como for, as investigadoras dizem não "ter informação" que provem que as lacunas detectadas há cinco anos sejam hoje "mais ou menos visíveis". Mas, sublinham: "A investigação apresenta critérios de qualidade de elevado nível de exigência e, simultaneamente, um sistema de cotação que sobrevaloriza o cumprimento dos critérios básicos". Ou seja, foram estabelecidos critérios mínimos com padrão elevado.
O estudo revela ainda que existem limitações na "disponibilidade e uso de livros, assim como na frequência e na qualidade de actividades no exterior".
Para Sílvia Barros e Cecília Aguiar, "seria necessário realizar um estudo com uma amostra mais abrangente, de carácter nacional, para se obter uma ideia do panorama global". Ainda assim, citaram outro estudo internacional (de 1997) para explicarem que "se verificou a existência de assimetrias regionais, sendo que os jardins-de-infância de Lisboa tendiam a revelar qualidade mais elevada do que os do Porto".
Já estudos realizados na União Europeia descrevem que creches de países como Holanda, Grécia, Alemanha ou Reino Unido registam mais qualidade do as que existem em Portugal.
Fonte: Jornal de Notícias
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