A PSP analisou "à lupa" 200 mil registos de crimes em 2008 e 2009. Num estudo inédito identificou perfis de vítimas e suspeitos, os tipos de crime e as horas em que acontecem.O roubo violento é o crime que mais atinge os jovens entre os 10 e os 16 anos. Quer como vítimas quer como agressores. E o espaço escolar é o palco de grande parte desta realidade.
Estas são algumas das conclusões de um estudo inédito da PSP, que analisou cerca de 200 mil registos de crime que ocorreram entre Janeiro de 2008 e Novembro de 2009. Com base científica, a PSP consegue quase "prever" os crimes: sabe as horas do dia em que há picos de criminalidade e quais são os perfis mais comuns das vítimas e dos suspeitos.
Foi identificado o escalão etário dos 10 aos 16 anos como aquele em que, dos que se queixaram à polícia, a esmagadora maioria (90%) foi vítima de "roubo na via pública", classificados como crime violento no sistema de segurança interna, pois implicam sempre a coacção e o uso da força.
Por outro lado, metade dos suspeitos nestas idades apanhados pela PSP em actos criminosos foi identificada em roubos violentos. De acordo com fonte oficial da PSP, "as áreas junto às escolas são o local onde acontece parte significativa deste tipo de crime".
Caetano Duarte, ex-presidente da Comissão de Protecção às Vítimas de Crime, não fica surpreendido. "Há uma realidade violenta nas escolas como se tem constatado pelas notícias que têm vindo a público", afirma o juiz-conselheiro. Do ponto de vista policial, esta análise é preciosa. "Conhecendo, por exemplo, as horas do dia em que determinado crime é mais cometido, o perfil-tipo do suspeito que pratica esse crime, bem como as principais vítimas, será possível a um comandante da polícia concentrar recursos para essa realidade, bem como promover campanhas de prevenção especiais para o tipo de vítimas identificado", explica Luís Fernandes, director do Departamento de Informação Policial, que coordenou este trabalho.
Este responsável destaca a relevância da base de dados da PSP, o Sistema Estratégico de Informação (SEI), que regista todas as ocorrências e com a qual é possível fazer cruzamento de variáveis e fazer este tipo de análise tão importante para o planeamento da segurança pública. Os dados a que o DN teve acesso respeitam apenas a médias nacionais, mas cada comando tem a análise do seu distrito com todo o detalhe.
O vice-presidente do Observatório para a Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo salienta que as conclusões do estudo "vão de encontro às tendências da criminalidade em sociedades de risco e desenvolvidas: assegurada que se encontra a ordem pública, é a pequena criminalidade que encontra uma expressão mais significativa junto dos cidadãos". Para este tipo de crime "é recomendável um policiamento visível e de proximidade, conjugado com mecanismos preventivos de dissuasão, como a videovigilância e a segurança privada". Para Paulo Pereira de Almeida, o facto de "cerca de 90% dos suspeitos terem entre 16 e 44 anos, e entre as 18.00 e as 21.00 ocorrer um pico na criminalidade" merece uma "actuação pró-activa, não só das polícias mas também dos cidadãos.
Uma polícia de visibilidade e a celebração e posterior avaliação de Contratos Locais de Segurança poderão ser determinantes para reduzir os níveis de criminalidade em Portugal".
Fonte: Diário de Notícias
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