A União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) considerou que "o desequilíbrio de poderes entre homens e mulheres é uma das causas fundamentais" da violência doméstica, ao comentar a morte de uma família na sexta feira de Páscoa, em Albergaria-a-Velha. Apesar das medidas e campanhas de prevenção, tanto a nível governamental, como por iniciativa das associações que apoiam as vítimas, a UMAR sente que a violência conjugal é "uma realidade muito presente na sociedade portuguesa, com muito peso", sendo um flagelo social em Portugal. "Ainda há cerca de um mês, uma mulher foi assassinada, em Almada, à frente dos filhos por um indivíduo que depois também tentou suicidar-se", recordou Manuela Tavares, da UMAR.
Em Albergara-a-Velha, dois adultos e uma criança foram encontrados mortos em casa e as autoridades suspeitam de duplo homicídio, seguido de suicídio. "Estas situações mostram como é que o desequilíbrio de poderes existente na sociedade entre homens e mulheres é uma das causas fundamentais" deste tipo de violência, considera Manuela Tavares.
Segundo a GNR, as vítimas da mais recente tragédia são um homem e uma mulher na casa dos 40 anos e um menino de três anos, filho do casal. De acordo com Manuela Tavares, a maioria destes casos ocorre quando a mulher quer pôr termo à relação e o homem não aceita, como terá sucedido em Almada. "O poder parece que ainda está todo do outro lado e isto requer campanhas de alteração de mentalidades", defendeu, sublinhando que, apesar do esforço feito em termos de poder governamental, as campanhas na televisão deveriam ser "mais acutilantes". "Segundo a União Europeia, há mais mulheres a morrer por violência doméstica do que por cancro ou acidentes na estrada", sustentou.
O homem e a mulher encontrados mortos numa habitação em Espinheira, freguesia da Branca, em Albergaria-a-Velha, apresentavam ferimentos de arma branca, enquanto a criança não tinha feridas visíveis. "É preciso trabalhar mais, é preciso prevenção logo nas escolas. Sabemos que a violência no namoro neste momento é também algo preocupante", alertou Manuela Tavares, acrescentando que a UMAR tem feito várias sessões em estabelecimentos de ensino.
Por outro lado, adverte, as mulheres devem estar atentas aos indícios, porque "eles existem" e elas não devem confiar que o agressor nunca será capaz de chegar a extremos.
Data de introdução: 2010-04-09